São poucas as
mulheres que se destacam nas artes plásticas, não importa a época. Quando
pensamos em pintura vêm logo às nossas mentes nomes como Leonardo da Vinci,
Rembrandt, Picasso ou mesmo Andy Warhol. Contemporânea destes últimos é a mais
lembrada pintora do século XX, a mexicana Frida Kahlo enfrentou muitos
obstáculos na tentativa de fazer sua arte e ser feliz.
Nascida
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón em 1907, era a terceira de quatro
filhas de um imigrante alemão e uma descendente de índios. Ela tinha mais duas
meio-irmãs do primeiro casamento do pai e todas moravam juntas em Coyocán,
perto da Cidade do México. Frida foi testemunha da violência da Revolução
Mexicana (1910-1917), mas a realidade de seu país não era tão trágica se
comparada à sua própria vida. Aos seis anos contraiu poliomielite, ficando com
a perna direita mais fina que a esquerda. Aos 18 sofreu um grave acidente de
trânsito: o ônibus em que ela estava colidiu com um bonde. Frida teve fraturas
na perna direita, na coluna, nas costelas, na pélvis e nos ombros, passando por
35 cirurgias ao longo da vida para corrigir defeitos deixados pelo acidente.
Se o acidente
foi horrível para sua saúde, foi de certa forma o propulsor de sua carreira.
Imobilizada durante muito tempo, Frida desistiu de ser médica e começou a
pintar para distrair-se, com o total apoio dos pais. Sua obra é composta de
muitos autorretratos e contém diversas influências, entre elas simbolos
indígenas e referências às religiões do pai e da mãe, respectivamente judaísmo
e catolicismo. Enquanto alguns trabalhos apresentam cores bem fortes, outros
têm poderosas sugestões da dor excruciante que a acompanhou a vida toda.
Encantada com o
pintor Diego Rivera, Frida se aproximou dele em 1927 e mostrou-lhe alguns de
seus trabalhos, os quais ele elogiou. Depois de algumas conversas sobre arte
ele passou a frequentar a casa dela e a ajudá-la com suas pinturas, sem
impedi-la de desenvolver seu próprio estilo. Eles se casaram em 1929, indo
contra o desejo da mãe da noiva, e tiveram uma relação tumultuada. Ambos tinham
casos fora do casamento e Frida se relacionava também com mulheres. Eles se
divorciaram em 1939, mas voltaram a se casar menos de um ano depois. Frida
engravidou três vezes, mas teve de interromper as três gestações porque o
acidente em sua adolescência deixou-lhe com problemas reprodutivos.
Sua vida não
foi muito glamurosa. Entre os principais fatos está ter conhecido o líder
comunista Leon Trotsky que, após ser expulso da URSS, viveu com Frida e Diego
como refugiado. Seu único reconhecimento em vida deu-se em 1939, quando o Museu
do Louvre comprou um de seus quadros para uma exibição de pintura surrealista.
Aos 47 anos, após amputar a perna direita e sofrer com broncopneumonia, Frida
faleceu em sua casa. Diego, apesar de 21 anos mais velho, viveu ainda mais três
anos. As cinzas da pintora estão em sua casa na Cidade do México, onde também
funciona um museu em sua homenagem.
As obras de
Frida Kahlo só começaram a ser descobertas na década de 1980 e logo ganharam o
mundo. Hoje há pinturas suas nos mais importantes museus do planeta. Livros,
ensaios, músicas e teses foram escritos sobre ela. Sua vida virou filme duas
vezes: uma em sua terra natal, em 1983, e outra em Hollywood em 2002, com Salma
Hayek no papel principal. Frida virou peça de teatro e até ópera. Merecido
reconhecimento, afinal, esta pintora teve nome e vida de heroína.
“Eu pinto a mim mesma porque estou tão frequentemente
sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Frida Kahlo (1907-1954)
Lê,
ResponderExcluirSeus textos sempre impecáveis.
Sou fã de FRIDA e DIEGO.
besos.
Mais um excelente texto.
ResponderExcluirParabéns!!!
Querida amiga
ResponderExcluirAs vidas
que inspiram
a vidas,
tendem
a tornar-se
histórias
que escrevem
histórias.
Que amar seja para ti
o objetivo de cada instante.
O filme eu amei...pena não conhecer além do cinema a arte dessa bela personagem histórica.
ResponderExcluirabs