A primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel é até hoje a única representante do sexo feminino a vencer este cobiçado prêmio em duas categorias: Física e Química. Também foi a primeira mulher a dar aulas na Universidade de Paris. Cientista responsável pela descoberta e isolamento de elementos radioativos, o que lhe valeu a glória científica e também problemas de saúde. Trabalhando ao lado de seu marido Pierre Curie, Marie é a prova de que nem sempre a mulher faz o homem: às vezes, ela se destaca tanto quanto ele.
Nascida Marie Sklodowska em 1867 na Polônia, era a mais nova dos cinco filhos de um casal de professores. Mesmo assim, ela não teve uma vida fácil: órfã de mãe aos 12 anos, viu boa parte das posses de sua família se perderem durante conflitos para a reconquista da independência polonesa. Por isso Marie trabalhou como governanta durante um tempo, se apaixonando por um futuro matemático, que não aceitou se casar com a pobre moça. Neste período ela estudou em uma universidade clandestina.
Em 1891 ela foi para Paris, juntando-se à recém-casada irmã Bronislawa, uma obstetra. Marie estudou na famosa universidade Sorbonne, onde conheceu Pierre Curie e o interesse mútuo pelo estudo de magnetismo aproximou-os. O casal teve duas filhas, Irène e Eve, e permaneceram juntos até a morte dele, em 1906, em consequência de um atropelamento.
Com seu marido Pierre Curie e com Henri Becquerel, fez estudos que resultaram na descoberta dos elementos radioativos polônio e rádio. Com Pierre e Henri ela também dividiria o Prêmio Nobel de Física em 1903. Curiosamente, em 1935, sua filha e seu genro também dividiriam um Nobel, desta vez de Química. Em 1996, o casal Curie seria homenageado como o elemento Cúrio.
Marie chamou muita atenção depois de ganhar seu primeiro Nobel, tornando-se professora da Sorbonne e administradora do laboratório da universidade, além de ter influenciado o governo francês a criar um instituto só para o estudo dos usos da radioatividade. A partir dessas pesquisas muitos aparelhos de Raio-X foram desenvolvidos e, durante a Primeira Guerra Mundial, estima-se que um milhão de soldados foram tratados com o Raio-X acoplado a ambulâncias, idealizado por Marie.
No ano em que ganhou seu segundo Nobel, 1911, Marie participou da primeira Conferência de Solvay, sendo a única mulher em um grupo notável de cientistas, entre os quais Albert Einstein, reunidos para discutir os efeitos da radiação. O que ninguém naquela conferência poderia imaginar era o quanto a radioatividade era perigosa, tanto que causou na cientista um tipo grave de anemia, que acabou por matá-la em 1934.
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Foto da Conferência de Solvay. Marie está apoiando a cabeça no braço direito |
Um ano após sua morte, a filha Eve escreveu uma biografia da mãe, um bocado romanceada, é verdade. A própria Marie gostava de aumentar a magnitude de seus feitos quando os contava. Em 1943 foi feita uma cinebiografia de Marie, estrelando Greer Garson e Walter Pidgeon, protagonistas do vencedor do Oscar de Melhor Filme do ano anterior. Greer foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação. O ano de 2011, que marca o centenário do seu Nobel de Química, foi escolhido como o Ano Internacional da Química e o Google a homenageou em seu aniversário. Prova de que essa grande cientista não será esquecida.
“Eu estou entre aqueles que acreditam que a ciência tem grande beleza. Um cientista em seu laboratório não é apenas um técnico: é também uma criança colocada frente a um fenômeno natural que a impressiona tanto quanto um conto de fadas”.
Marie Curie