Uma das mais
competentes jornalistas do século XX, Martha Gellhorn foi correspondente de
guerra quando as mulheres ainda lutavam por seus direitos nos campos de batalha
urbanos. Em mais de 60 anos de carreira, ela cobriu os principais conflitos de
sua época e usou seu talento para escrever 21 livros, entre novelas e
coletâneas de seus artigos.
Martha Ellis
Gellhorn nasceu em 1908, filha do meio de uma sufragista e um ginecologista
descendente de judeus. Seus dois irmãos também tiveram carreiras brilhantes, um
como professor universitário no curso de Direito e outro como oncologista. Ela
foi estudar na famosa universidade feminista Bryn Mawr, mas não acabou o curso.
Com a intenção
de se tornar correspondente estrangeira, Martha foi para a Fança em 1930,
ficando dois anos por lá. Voltou para ajudar o governo americano a ter um
retrato exato de como a Depressão econômica havia afetado a população. Os
frutos de sua investigação foram tão originais que chamaram a atenção da
primeira-dama Eleanor Roosevelt, de quem Martha se tornou amiga.
Ela já estava
na Europa cobrindo a Guerra Civil Espanhola quando Hitler deu início à Segunda
Guerra Mundial. Desde a experiência na França ela havia se tornado pacifista,
mas mesmo assim Martha fez questão de acompanhar o conflito de perto, fazendo
de tudo para estar ao lado da notícia. Boa observadora, ela se preocupava muito
mais em relatar os sofrimentos dos civis em meio à guerra que os conflitos nas
trincheiras, embora ela estivesse presente em vários momentos importantes, como
em um bombardeio dos ingleses em território alemão e até mesmo no “Dia D”, de
desembarque das tropas aliadas na Normandia, ocasião em que ela ajudou os
feridos carregando-os em macas.
Selo de 2007. Martha foi a única mulher a figurar entre os jornalistas homenageados |
Sempre atuante
em causas políticas, Martha atacou os governos dos presidentes americanos Nixon
e Reagan, além do fascismo, racismo e caça aos comunistas. Ela sempre foi
favorável à esquerda política, embora seus sentimentos em relação ao comunismo
tenham sido controversos, uma vez que ela nem o criticou nem elogiou. Por ter
sido uma das primeiras repórteres a entrar no campo de concentração de Dachau
após sua libertação, Martha também se tornou simpatizante da causa dos judeus e
a luta pela criação do Estado de Israel, inclusive pensando em mudar-se para o
país em sua velhice.
Martha Gellhorn
casou-se duas vezes. Seu primeiro matrimônio foi com o escritor Ernest
Hemingway, que conheceu em 1936 e com quem viveu entre idas e vindas durante
quatro anos até a oficialização do casamento. Ernest nem sempre gostava das
ausências de sua terceira esposa quando ela estava viajando. Ela também não
gostava de estar sempre associada ao seu marido e quando era convidada para
entrevistas, exigia que o nome de Ernest não fosse pronunciado. Eles ficaram
casados durante os turbulentos anos da guerra e se separam em 1945. Um filme
sobre a relação desses dois ícones foi feito para a TV em 2012, com Nicole
Kidman no papel de Gellhorn e Clive Owen como Hemingway.
Martha casou-se
novamente em 1954 com um editor da Time Magazine, Tom Matthews. Ele se tornou o
padrasto do garoto Sandy, que ela havia adotado em um orfanato italiano cinco
anos antes. Apesar de ser uma mãe esforçada, ela deixava o filho longos
períodos com parentes para fazer suas reportagens, gerando certo afastamento
entre eles. Martha divorciou-se de Tom em 1963, mas continuou vivendo em
Londres, cidade em que havia se estabelecido com ele, até 1998, quando,
sofrendo de câncer e totalmente cega, suicidou-se com uma overdose de remédios.
Hoje vemos
inúmeras mulheres dominando a apresentação de telejornais e as redações de
grandes editoras. Temos diversas correspondentes estrangeiras e repórteres de
renome. Todas elas devem um pouco de seu prestígio a Marta Gellhorn, uma
verdadeira mulher de fibra.
“Cidadania é uma tarefa complicada que obriga o cidadão a
formar sua própria opinião e defendê-la”.
Martha Gellhorn (1908-1998)
Lê,
ResponderExcluirSimplesmente, MAGNIFICO!!!!!!!!!!!!
OBRIGADAAAAAAAAAAAAAA!
beijos.
Arrasou com este perfil de mulher Lê! De quando em quando aparecem no mundo figuras extraordinárias e estas nem sempre precisam ser do gênero masculino! Beijocas!
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