29 de jul. de 2012

Suicidio em Questão de Liberdade

   Liberdade



O passáro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre na prisão do corpo
Mas livre, bem livre,
é mesmo esta morto.

                ( Carlos Drummond De Andrade)


     Desde que o mundo se fez sociedade, com instituições como Estado, Igreja e Familia, o ser humano nunca obteve o direito de morrer voluntariamente, desde já aviso que esse texto, não é, em pró de suicidio,ou essas coisas, é só minha visão sobre uma das ações mais certas da vida humana, a morte.

Aquele que comete suicídio sempre foi visto, de maneira direta ou indireta como  covarde, fraco e traidor.

Traidor por abandonar seus amigos e familiares, fugir de seus compromissos, e covarde por não ter a capacidade de aguentar os desafios da vida que devem ser superados todos os dias apartir do momento que acordamos.


Na visão da Igreja (um dos pilares que "governam" a sociedade), condena e condenou o suicídio desde epocas da idade medieval, periodo que exerceu, maior poder sobre o mundo, muito antes de Cristo isso foi comum na religião de várias civilizações, havendo uma rejeição superior a outros casos de morte como por acidente no trabalho e trabalhos militares em guerras que marcaram o mundo.

Casos como o suicídio religioso, foram respeitados e até hoje vistos como "sacrifício" pela ordem de Deus, até o momento que viver representasse risco de grande pecado, matando-se o cristão defenderia sua integridade e moral física e acima de tudo sua integridade cristã.

Como exemplo temos o caso de Sansão que derruba as pilastra do templo para vingar sua humilhação diante dos filisteus.

Para a igreja quando o suicídio não é ordenado por uma divindade não possui justificativa.

Como Judas que matasse após entregar Jesus aos soldados, segundo a maioria das religiões Judas é sempre retratado como mau carácter e inferior aos outros seguidores de Jesus.

Uma das justificativas mais comuns são que atentar contra a própria vida é pecado, pois  a vida é o maior dom de Deus, dom de um ser divino e o homem como ser inferior não possui o direito de afrontar aos deuses, destruindo-se.

Desde a Grécia antiga os cadáveres dos suicidas recebiam um tratamento inferior e até descriminatório aos demais.

Hoje na sociedade atual a midia normalmente não noticia casos de suicidas, como forma de não estimular esse "ato impensado", porém o numero é cada vez maior especialmente em países mais desenvolvidos .

O suicídio não deveria ser retratado apenas no modo religioso de que vai ou não para o inferno, mas como uma causa social de uma sociedade cada vez mais individual onde as pessoas estão cada vez mais pensando em si mesmo do que no seu semelhante.

A desigualdade e falta de colectivismo .

Porem normalmente o que mais os estudiosos retratam é que os casos de suicídios provém de um desajuste social, uma pessoa que se vê infeliz, com as normas de uma sociedade que é cada vez mais difícil de alguns indivíduos se encaixarem, muitas vezes o último estágio de uma depressão resultando na morte por escolha própria.

Psicologicamente o suicídio é apresentado como doença.

Mas seria o suicidio uma forma de expressão que escapa ao controle do Homem?

Porém o suicídio seria o exercício da liberdade, levado as últimas consequências.

Onde o ser humano, e até mesmo animais, como vemos na natureza determina por si só a hora que quer deixar de existir.

Não estou estimulando ao suicídio, mas vemos tanto falar em liberdade mas não seria o suicídio um exemplo de liberdade?

ATÉ QUE PONTO SOMOS LIVRES?


fonte:   Morte uma questão sociocultural (livro)

4 comentários:

  1. É um tema complexo, que não pode ser analisado de forma tão simples, apesar de ser em última instancia uma ação individual o suicídio não deixa de ser um fato social, é um ato capaz de dizer muito sobre a sociedade que o propicia... Li há pouco tempo na revista Piauí, trechos de cartas de pilotos japoneses, os Kamikazes, que partiam em missões suicidas durante a segunda guerra, os relatos são impressionantes e eles dizem muito sobre o contexto social, político e religioso do Japão naquela época... Se você tiver oportunidade leia...

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2012/07/o-segredo-dos-seus-olhos.html

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  2. Caramba! Não tinha pensado nisso ainda. Ótimo textOOo.

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  3. O suicídio não é a doença, mas sim, uma manifestação de outra; seja ela depressão, esquizofrenia, etc... A pessoa passa a enxergar o ato como solução ou mesmo como forma de ferir outrem. Age inconscientemente, esta é a questão. Não se trata de uma escolha, já que a pessoa não consegue ver um quadro completo, está limitada pela doença por trás.

    Salvo raros casos, a escolha parte de razões sociais - com os Kamikazes citados pelo J.Bruno - ou físicas - como na eutanásia. O lado psicológico é devastador nas pessoas que enfrentam estes pensamentos. Tanto que ao conversar com alguém que passou por tais, vê-se que em seu estado equilibrado NUNCA optariam por isto. Uma famosa que fala abertamente de seus estados depressivos é a Fernanda Young.

    Para mim funciona da mesma forma que um crime cometido por alguém com uma doença psicológica limitante da capacidade, não é uma escolha. É um ato levado até este instante. A liberdade existe enquanto se compreende a responsabilidade. Sem isto, é rebeldia. Um ato como este devasta muito além do imaginado, afeta a estranhos inclusive.

    A pessoa que está pensando em suicídio deve ter todo o apoio e auxílio da família e dos profissionais. Acho que deveriam haver por aqui aquelas linhas para que pudessem pedir auxílio e liberar um pouco da carga que carregam. Só quem conviveu com alguém assim, ou perdeu um amigo/familiar desta forma percebe a luta interna, a perda de percepção, os sentidos amorfos quase em transe do suicida.

    Não há como escolher se falta a capacidade plena.

    Seus texto são sempre bem fundamentados e achei importantíssimo ressalvar que não é a favor do ato; E sim uma reflexão pessoal.

    ;D

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  4. Até q em fim achei alguém q pensa como eu... e sempre q falo assim sobre tal assunto sou recriminada.

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