1 de jul. de 2012

A Beleza, seus padrões e o culto da magreza.

Eu já havia pensado em fazer esse post por aqui, mas pegando carona no último texto postado pela Karen Hack, acho que essa é a oportunidade ideal. ;) 


Antes de tudo, gostaria de dizer que a temática 'beleza e belo' sempre me aprazeu. Primeiro, porque o conceito de 'belo' para mim sempre foi muito diferente do conceito de 'belo' da maioria das pessoas. Consigo ver a beleza em quase tudo aquilo que é desconstruído e caótico, diferentemente da perfeição e simetria pregados pela sociedade em que vivemos. Sempre entrei em discussões em que discordava do 'belo' pregado por meus amigos, e quando adolescente, sofri discriminação na escola por não possuir os atributos físicos necessários para ser "aceita". Desde adolescente, quando esfregavam - de forma cruel - na minha cara que eu era "gorda", "baixa" e tinha "o cabelo ruim", por isso não era "bonita", passei a questionar o que é essa beleza, e principalmente, por que existe essa necessidade tão gritante da magreza? Hoje em dia, pessoas que antigamente eram apenas 'normais' são consideradas gordas, e não adianta vir com o discurso de "saúde", porque a magreza em excesso é tão prejudicial quanto à gordura em excesso. 

Não estou dizendo que pessoas naturalmente magras não são belas, pelo contrário, elas têm sua beleza. A crítica que faço é a esse ideal. Nem todas as pessoas possuem o tipo físico ideal para sustentarem o tipo de corpo "exigido" pela mídia, e muitas mulheres se sacrificam ao extremo para alcançar essa imagem tão inviável para muitas delas.


A Beleza e a Sociedade

O culto da magreza excessiva começou a aparecer no final dos anos 80, através da democratização das academias e da desenvoltura corporal imposta pelos ritmos coloridos e dançantes dessa década. A partir de então, os grandes polos da moda passaram a optar por modelos de um mesmo esteriótipo: magérrimas, altas e com a menor proporção possível de curvas. Foi estabelecido um padrão, que imperou (e impera) durante muito tempo. Garotas e mulheres querem estar dentro desse padrão a qualquer custo, e não medem esforços para alcançar tal objetivo. Homens e garotos julgam as mulheres baseados nesse padrão, que como eu disse acima, é tão inviável para a maioria das mulheres.  Foi criada, então, uma pressão absurda e exagerada em cima das mulheres, obrigando-as a estarem sempre magras, "porque ser magra é ser linda".

Acontece, que não foi sempre assim. No Renascimento, a beleza do corpo femino era constituída pelas gordurinhas (até mesmo um pouco exageradas) e dobrinhas que apresentavam. Quanto mais gordurinhas uma moça apresentava, mais bonita ela era considerada;

                                                 
Assim era representado o corpo "belo" no Renascimento, já que nessa época, a magreza era sinônimo de falta de saúde e quando mais "gordinha" fosse uma mulher, mais recursos ela aparentava ser, e então, mais bonita era considerada.Tempos depois, com as demandas sociais, o padrão se alterou um pouco, mas as curvas continuaram sendo a principal fonte de representação artística de beleza feminina. Notamos isso nos quadros de Pierre-Auguste Renoir, um dos principais pintores do século XIX, que os quadros, em sua maioria, retratava modelos da época, consideradas belíssimas:


E as curvas permaneceram como a representação da beleza feminina durante muito mais tempo. Observemos as modelos com o passar das décadas:

Anos 10:


Anos 20:


Anos 30:

 Maureen O'Sullivan, grande estrela dos anos 30.
Anos 40:
Ava Gardner, símbolo sexual dos anos 40
Rita Hayorth, famosa atriz, cantora, dançarina e símbolo sexual do anos 40. 
Anos 50:
Marilyn Monroe; acho que nem preciso dizer nada.
Jayne Mansfield: Outra linda mulher dos anos 50.

Anos 60:

 Sophia Loren nos anos 60
Natalie Wood

Anos 70:
Catherine Bach, famosa modelo dos anos 70.
Phyllis Davis

Ok. Paramos por aí. Como citei anteriormente, foi nos anos 80 que a popularização da magreza como ícone de beleza foi iniciada. Até ela tomar a forma que tomou nos dias hoje, muitas mulheres com curvas ainda tiveram espeço no mundo da moda, como Cindy Crawford, Brook Shields, Drew Barrymore e Mila Jovovich, por volta dos anos 90, que foram uma exceção no quesito 'magreza',Mas nos anos 2000, o belo em sua predominância, foi idealizado assim:


Anos 2000:
Adriana Lima

Alessandra Ambrosio
Gisele Bundchen
Keira Knightley
Megan Fox
Não estou, em momento algum, dizendo que mulheres naturalmente magras não são belas. Acontece que esse ideal da magreza permanece, forçando quem não tem esse tipo físico a se sacrificar para consegui-lo. Exemplos de mulheres públicas que ultrapassaram os próprios limites para chegarem a esse ideal:

Lindsay Lohan ANTES

Lindsay Lohan DEPOIS
Nicole Richie ANTES
Nicole Richie DEPOIS
Miley Cyrus ANTES
Miley Cyrus DEPOIS
Apesar do culto da magreza ser enorme, existem aquelas que não se contentam em engolir o que é imposto pela mídia e aceitam seu corpo da forma que é, sem se privarem do direito de serem belas como são. Exemplos:             
Crystall Renn
Mia Tyler
Fluvia Lacerda
Whitney Thompson
Sophie Dahl

 Ok. Qual é o objetivo desse post?
Não estou, de maneira alguma, fazendo apologia às gordurinhas a mais, afinal, sei que saúde é coisa séria e a população enfrenta sérios problemas relacionados à obesidade. Com esse post, quero apenas mostrar o quanto esse negócio de 'padrão de beleza' é relativo. E é por isso que não devemos nos deixar levar por ele e nem aceitá-lo com tanta facilidade e precisão. O meu principal objetivo nesse post pode ser resumido numa simples frase: As pessoas têm o direito de serem diferentes, têm o direito de se sentirem bonitas como são, porque a beleza está presente em tudo aquilo que existe. Tudo que é, é belo por si só. E é a diversidade que faz do mundo essa coisa louca que é, independente do seu corpo, da sua forma física. A beleza não é medida em quilos, e sim, em essência! Em vez de preocupar em malhar apenas o corpo, por que não malhar também o cérebro? 
Para finalizar, um depoimento da genial J.K Rowling, do qual sou fã:

"Gorda" é, normalmente, o primeiro insulto que uma garota joga para outra quando quer machucá-la. 

Quero dizer, "gorda" é realmente a pior coisa que um ser humano pode ser? 'Gorda' é pior do que 'vingativa','invejosa', 'superficial' 'vazia', 'chata', ou 'cruel'? Não para mim; mas aí você pode dizer, o que eu sei sobre a pressão de ser magra? Eu não estou no ambiente de ser julgada pela minha aparência, sou escritora e ganho meu dinheiro usando meu cérebro...

Um dia, eu fui ao British Book Awards. Depois da cerimônia, eu esbarrei em uma mulher que não via há aproximadamente três anos. A primeira coisa que ela disse para mim? ' Você perdeu bastante peso desde a última vez que te vi!' 'Bem', eu disse, um pouco perplexa, 'A última vez que você me viu, eu tinha acabado de ter um bebê.' 

O que eu queria realmente dizer era: 'Eu tive o meu terceiro filho e terminei meu sexto livro desde a última vez que eu te vi. Essas coisas não são mais importantes e mais interessantes do que o meu tamanho?' Mas não, minha cintura parecia menor! Esqueça a criança e os livros: FINALMENTE UMA COISA PARA CELEBRAR!

Eu gostaria que as garotas fossem independentes, interessantes, idealistas, bondosas, originais, donas de opiniões próprias, engraçadas - um monte de coisas - antes de 'magras.' Quero que minhas garotas sejam Hermiones, e não Pansy Parkisons."

Bônus:
Antes que Ordinárias agora está no youtube!! Acessem nosso canal e interajam com a gente! 


Beijos, e até a próxima!

           

6 comentários:

  1. Adorei o texto!
    As vezes fico pensando se algum dia a ''ditadura da magreza'' terá um fim e realmente todos serão aceitos e respeitados.
    Nós mulheres somos incríveis, desde o manequim 34 ao 46,52...
    Quando conseguimos nos aceitar da forma que somos aprendemos a viver melhor e com mais felicidade!

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  2. O problema dos padrões é a ditadura subliminar que eles engendram. Nosso referencial de beleza físca é mitológico, eu acho, aquele da perfeição dos corpos e formas, desde a época da chamada antiguidde clássica. Daí para cá só veio aumentado a quantidade de exigências tornando as pessoas um tanto escravas dos ditames do tal "mercado" (de tudo). Maravilha de texto, Maria Luisa e Joicy. Abração e ótima semana.

    PS: aproveitando a "deixa, convido-a para conhecer um outro blog meu onde estou colocando meus personagens para "desfilar". (SOMOS TODOS PERSONAGENS)

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  3. José Cláudio, que bom ver você por aqui, querido!! Esse texto da MAria Luísa ficou fantástico mesmo. Mesmo parecendo antigo, pelas imagens, um tema super atual... esperamos que essa ditadura da beleza mude.

    bjks, caro amigo!

    :) JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...

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  4. A falta de peculiaridades é o que mais me incomoda nos padrões...
    Sou daquelas que acha lindo o "defeitinho" da pessoa, não tem graça nenhuma em ser uma tigresa sem as marcas!
    O belo deve vir do único de cada um, do interno, da segurança, do ser além... Lindo post!

    Viva a diferença!

    ;D

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  5. Muito bom o texto.
    Sabe, o que me deixa triste é o modo sutil do tal preconceito.
    Quando cito minha desilusão ref ao meu país(Brazil) muitos me criticam outros nem tanto. Enfim, burrice humana e ignorancia preconseituosa é mundial eu sei...Só que muitos insistem em dizer que no BRASIL o preconceito é menor.
    Como isso é possível se ainda estamos em sexto lugar ref ao tal preconceito...Já sofri preconceito em entrevista de emprego (por ser GORDA - 1,60 tenho 88 kg) nosso país tem um gde defeito FINGE que aceita TODOS, finge que é um país pata TODOS, no fundo é um país tanto e igual os outros - Um exemplo de sorrisos pela frente e vômitos por trás!
    Maria,
    EXCELENTE TEXTO!!!!beijos

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  6. Hoje,depois de tanto lutar contra meu corpo,contra uma grande hipocrisia,da sociedade. decidi por não esperar mais ter aquele corpo pra fazer o que eu queria.Decidi que nunca mais faria nada para agradar ninguém,a não ser a mim mesma.Sempre fui gordinha me amo assim,não me importo com os outros,sou bonita como eu sou.Eu me amo em primeiro lugar.O tempo passa, não fique esperando ter o corpo tão sonhado pra fazer uma mudança em sua vida,se aceite como é.

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