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22 de fev. de 2013

Depoimento de Mulher

Em meus textos, poesias, sempre falei/falo da feminilidade e do universo que é Ser Mulher – já que vivemos num limiar fantástico entre a sensibilidade e a razão, entre a força e a delicadeza, cada uma na proporção que julga acertada.
Somos a diversidade!

Os homens, em sua maioria, não conseguem compreender porque tamanha complicação existe na mulher quando o quesito é definir-se, amar-se, aceitar-se. Alguns até julgam tratar-se de pura frescura ou mesmo insanidade. Só que se esquecem da quantidade de funções e pré-definições que cada uma acaba aglomerando ao longo do tempo. A mulher não é apenas mulher: é mãe, é profissional, é amante, é amiga e mais outras tantas subdivisões inclusas nisto. Complicado resta localizar-se nesta confusão toda.

Levei muito tempo para compreender quem sou e mais outro tanto para permitir-me ser/gostar de quem eu sou. Agora estou confortável em minha pele, sem demagogias, sem frases feitas, estou de bem comigo. Para chegar neste ponto não foi nada fácil, vi-me presa em idéias do que seria correto, bonito, aceitável, que em muitas ocasiões não se encaixavam comigo e destruíram a minha auto-estima. Tenho certeza que não fui a única que teve que atravessar o inferno para notar que o céu em mim já residia.

Logo de pequena aprendi que existem duas realidades competindo entre si: A masculina e a feminina. Sendo que a primeira deveria brincar de bola, de carrinho, enquanto a segunda seria delicada e adoraria bonecas. Nunca fui assim. Sempre gostei de sujeira, de futebol e de brigar; Uma verdadeira moleca! Por um tempo ouvi comentários de como minha postura era inadequada e de menino. O bom de criança é isso, eu ouvia e não ligava. Só queria continuar como sempre.

Já na adolescência, continuei atípica. Não era de maquilar-me, ou de usar a última moda, ou mesmo de sair paquerar e ter um chilique porque "Aquele" guri que todas gostavam veio falar comigo. Usava roupas largas – algumas até do meu pai – num estilo beirando ao grunge. Não era depressiva, só fechada. Comecei a duvidar de mim.

Neste âmbito de questionamentos percebi-me fraca perante o ambiente. O primeiro ataque recai sobre a aparência. Pensava: “Não sou bonita. Desprovida de charme. Gorda.” E mais outras tantas besteiras que não calavam. Depois, comecei a achar que ser estudiosa também era um problema. Também via a sexualidade como algo até certo ponto limitado.

Por muitos anos pensei sim que a mulher tinha que ser: Magra, esbelta, inteligente – mas não demais –, delicada e sexualmente refreada. Dá para acreditar que na era digital, após tantos anos de acontecimentos marcantes para o feminismo, o conceito que me foi repassado era este! (Palhaçada, não é mesmo?)

O que me causa mais espanto é que ainda muitas mulheres entendem isto como sinônimo de feminilidade. Senão na totalidade, em partes. Por alguma razão estamos emperradas em quatro obstáculos, quatro papéis que, em separado, apenas servem para barrar a magnitude pessoal de cada uma de nós.

Nos prendemos a FÊMEA, exigindo que nossa aparência deve ser a mais perfeita e padronizada possível. Quando é a diferença que nos torna atraentes, interessantes. Se for magrinha, adore suas linhas retas, abuse das cores, arrase na sua miudeza. No caso de ser gordinha, ressalte as curvas, caminhe como se o mundo devesse seguir cada voltinha sua, idolatre sua abundância. Muito busto? Pouco Busto? Quadril largo? Fino? Alta? Baixa? Seja você, valorize você. Afinal, temos sorte, somos naturalmente lindas!

Emperramos na MÃE/ESPOSA. Ao contrário do dito, nem todas as mulheres tem os mesmos objetivos, a mesma ideia de família. Eu sonho em ser mãe, mas você pode não querer isto e está tudo bem. É um espírito livre e não pensa em casar? Ou acha que casar com seus 40/50/60 anos é o ideal? Ok. Ainda se critica as que escolhem um caminho diferente, rotula-se. Ser mulher é estar além disto e não ligar para tais. Seguir seu caminho conforme você julga certo; Isto sim é viver a sua infinidade.

Ficamos congeladas na PROFISSIONAL. Ambicionamos muito e somos incrivelmente capazes. Na expansão que vivemos, sabemos de nosso poder. Todavia, ainda há quem se intimide com a figura de uma mulher bem-sucedida, inteligente e decidida. Não devemos viver somente para o trabalho, isto é certo; Fechar os encantos em prol de terceiros. Podemos e devemos ser profissionais e femininas. Afinal, um lado não afeta o outro, não é verdade?

Travamos diante da VÊNUS. A sexualidade sempre será tabu e nem se sabe o porquê. Acredite na sua e a explore de maneira saudável e segura. Pense em você e não apenas no seu companheiro(a). Somos desejo somado a emocionalidade e devemos provar da nossa amplitude.

O que é ser mulher hoje senão o encontro de todas estas áreas em harmonia? Ainda estou muito longe do ideal; Vejo-me bem mais próxima, no entanto. Agora me sinto mais segura, fiel aos meus princípios, adorando a beleza real que há nas particularidades minhas. E todas nós merecemos este equilíbrio almejado. Como já se cantou em Pagu: “Porque nem toda feiticeira é corcunda; Nem toda brasileira é bunda. Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem...”. Somos iguais e opostas, corajosas e sem medidas; Desejo que, nesta miscelânea toda, possamos aproveitar a magia de cada aspecto, tornando-nos fortes como nascemos para ser.

Afinal, somos guerreiras e deusas do cotidiano.

18 de fev. de 2013

Crise de Abstinência de Magia


Hoje não consigo parar de ouvir uma certa música do ZZ Top - Over You; Aquela voz cortada implorando por encontrar uma forma de esquecer o passado, mantendo a resistência necessária para levantar-se e mudar de vida... Impossível deixar de correlacionar conosco, não é verdade?


Há quem diga que a insatisfação é condição humana primordial, não se exaure. Penso, particularmente, que a questão não se rege pela satisfação do esperado, mas, pela busca por tal. Afinal, que força motriz consideraria a mudança se o aguardado não fosse extraordinário? Esta foi a premissa que enxerguei na película Broken English de 2007. A personagem principal Nora Wilder está vivendo uma sequência de eventos cômodos, os quais chama de vida. Na casa dos 30, solitária e confusa, Nora inicia uma jornada de pequenos trajetos rumo ao equilíbrio. Entretanto, em que pese jure ser amante da estagnação, vê-se arrebatada ao conhecer Julien. Uma atitude drástica é o que lhe resta.

  • Atire a primeira pedra quem nunca quis acordar da apatia diária.
Qual é a melhor forma de escapismo para uma realidade melhor? Sou das que foge ou em letras ou em cenas; Quando escolhi este filme, estava fugindo daquela insatisfação pungente de quem tem manias de poeta. Não imaginava eu que esbarraria com um leve contorno dos meus medos e anseios. Carregamos a vida ou o seu fluxo é que nos conduz? A resposta sempre vem depois de uma ressaca moral, precedida de uma conjugação de passos anestesiados... Um dia você acorda e percebe que deixou de perceber; Seu trabalho é automático, seus gestos são uma cópia apagada dos de ontem, seus relacionamentos rasos. Um dia você acorda em apatia. O que resta é agir ou continuar. Norma agiu, ZZ Top agiu, eu agi.... e você? Vai ficar só na crise ou correr em direção a magia?

- It’s not wrong to want someone to love you. Most people are together just so they are not alone. But some people want magic. I think you are one of them. 
- Something wrong with that? 
- Nothing, but it doesn’t happen all the time.


— Broken English


Quando falo em magia, não tento expressar algo tão inalcançável quanto o conceito literal prega. Não! Imagino as escolhas que evitamos por comodismo e que, no final da equação, fariam a diferença necessária para um melhor estado de espírito. Acomodar-se até as situações mais desagradáveis é fácil; O complicado é encarar a mudança. Nisto baseia-se o filme Good Dick de 2008, o qual traz uma jovem problemática, presa em si mesma, mas que, graças a estas intempéries da existência, encontra alguém disposto a impor uma alteração.

  • Confronta-te!
Já parou na frente do espelho perguntando-se: Como me transformei em quem sou? Gosto disto? Por mais que as circunstâncias do ontem sejam bagagens pesadas e assustadoras, uma hora temos que enfrentar o que está escondido nas reentrâncias caladas do passado. Encarar, selecionar e deixar para trás. Somente abrindo espaço é que o novo pode aninhar-se. Quer uma perspectiva nova em sua vida? Que tal começar dando um novo passo, tomando um novo rumo, bancando seu guia pessoal ao mágico...   

Que vida?! O que você faz? Você não faz nada!

- Good Dick

... Já disse Anäis Nin:
"Nego-me a viver em um mundo ordinário como uma mulher ordinária, a estabelecer relações ordinárias. Necessito o êxtase. Não me adaptarei ao mundo. Adapto-me a mim mesma."