Segundo,
dicionário Aurélio - Minimalismo é qualquer movimento artístico que se
expressa através da extrema simplificação da forma.É assim que enxergo a
película: Nothing Personal(Nada Pessoal)um cenário inóspito, fotografia
singular, atuações brilhantes, enredo funcional e uma simplicidade detalhada sutilmente, tornam este filme essencial.
No filme, temos a estonteante holandesa, Lotte Verbeek(atriz no seriado The Borgias)no
papel de Anne, conquistou o prêmio Leopardo de melhor atriz no Festival
Internacional de Cinema de Locarno de 2009. Lotte Verbeek também
conquistou, graças a este mesmo papel, o prêmio de melhor atriz do
Festival Internacional de Cinema de Marrakech em dezembro de 2009.Em
2010, no Festival de Berlim, o Prêmio Shooting Stars, concedido
anualmente pelo European Film Promotion a atores promissores.Ela
intepreta, desde 2011, a personagem Giulia Farnese na série de televisão
de ficção histórica The Borgias.
No filme, de Urszula Antoniak, Anne é uma jovem mulher que,
aparentemente devido ao fim do seu casamento, decide abandonar a
Holanda, partindo para uma viagem solitária pela Irlanda. É durante essa viagem que encontra uma casa, onde habita o solitário Martin. Anne acaba por trabalhar para Martin, a princípio a troco de comida, com a exigência de nenhum contato. No decorrer esses personagens deixam sua solidão e vão lentamente se aproximando. O
filme, é dividido em cinco partes, “Solidão”, “O fim de uma relação”,
“Casamento”, “Início de uma relação” e “Sozinha”, basicamente é um filme
sobre isolamento social e ausência do ser. Essa vontade que muitas
vezes invade nossa mente, temos a 'idéia' de que essa 'ilusão' de
isolamento, como um novo remomeço é algo promissor.
Nada Pessoal, é um filme 'lento' o que para alguns é sinônimo de 'filme
arrastado'[o que eu adoro] diálogos escassos que favorecem os cenários,
deixando expressão corporal e fotografia em evidência. Não existem cenas
'hollywoodianas', que cortem a respiração, grandes mudanças ou qualquer
passado misterioso dos personagens.
Temos
simplesmente, duas vidas que se encontram, just it! Mas, o que mais me
deixou sem fôlego, foram os cenários que são exuberantes, vários
momentos do filme, em que a transição das paisagens pela Irlanda com a
música escassa nos dizem muito, composições de Ethan Rose e os vinis de
Martin, demonstram isso. Sou apaixonada pela
camera que demora no olhar dos personagens, no gestual solitário de cada
um, suas manias, no fogão o modo de bater um molho, na colheita da alga
marinha, esses detalhes enriquecem e MUITO este filme. E justamente, a ausência de 'humanos', suas palavras existindo somente suas ações, fazem deste filme uma obra de arte.
Por outro lado, faz pensar e muito sobre a questão do isolamento social.Que é abordado no filme de um modo suave, lírico e algumas vezes sufocante. O que é mais prejudicial ao organismo: fumar 15 cigarros por dia ou sentir-se sozinho?
Por outro lado, faz pensar e muito sobre a questão do isolamento social.Que é abordado no filme de um modo suave, lírico e algumas vezes sufocante. O que é mais prejudicial ao organismo: fumar 15 cigarros por dia ou sentir-se sozinho?
Estar
perto de alguém é necessário para que nos sintamos valorizados, mas o
que esperamos das demais pessoas e como nos relacionamos com elas é
ainda mais relevante.
Cacioppo afirma que “o momento entre o fim da vida adulta e o
início da terceira idade é quando o isolamento se manifesta mais
intensamente, porque essas pessoas perderam seus pais, cônjuges, irmãos,
amigos próximos e, em alguns casos, um ou todos os filhos”. No
filme, temos um isolamento social proveniente de desilusões amorosas.
Anne, busca um lugar solitário, para tentar recomeçar. No começo, vemos
uma Anne fria, profundamente magoada com a vida. Que não deseja NENHUM
contato pessoal. Até, que encontra Martin, que teve muita dificuldade
neste retorno de aproximação com humanos. Anne, evita perguntas simples,
ele também.
No decorrer, acompanhamos sutilmente a mudança no comportamento de ambos.
Aí,
que entra um pouquinho da vida real, onde podemos observar a confiança
chegando vagarosamente. Passamos do estágio 'robotizado' para uma
sucessão de acontecimentos naturais. Talvez,assim começamos um processo
de 'cura', do isolamento social.No filme, vemos essa passagem por meio
dos gestos dos personagens, um toque de mãos, um soprar no campo ou uma
bandeja de café da manhã na porta do quarto, nos brindam com esse
'renascer'.
Como
citei no início, a fotografia do filme é exuberante e muitas vezes, deu
vontade de congelar algumas cenas para fazer foto, rs.
Nothing Personal é assim, consegue acordar nossos sentidos para um
problema sério que é o isolamento social. Às vezes necessário, outras
destrutivo. Precisamos, ter cuidado com nossa mente(já passei por isso e
na verdade ainda sofro)talvez, por ainda ter minha amiga-mãe ao lado,
deixe essa vontade de largar tudo e simplesmente ir, adormecida.
Enfim, este filme, mexeu comigo e não posso negar que algumas vontades estão ativas.
Porém,
ainda tenho responsabilidades que me impedem(o que por um lado é bom-
viram só? Não sou tão psicopata assim,rs)o filme é belo, em seu modo
implícito. Um filme, para ser revisto, observado, um filme, para se
notar detalhes, para pensar, respirar e aí então decidir. Nothing
Personal, é essencial e vital!
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