O fim do ano sempre chega com a esperança da renovação a partir de
primeiro de janeiro. No entanto, há também um gosto agridoce quando nos
lembramos de quem se foi no ano que terminou. Em 2012 o Brasil perdeu uma de
suas maiores apresentadoras, pioneira na televisão, simpática e adorada pelo
público: Hebe Camargo.
Nascida em 1929, na cidade de Taubaté, era a caçula de seis filhos
e costumava acompanhar o pai, violinista e cantor, em suas apresentações.
Quando ela tinha 14 anos a família mudou-se para São Paulo, pois o pai foi
trabalhar na Rádio Difusora, chegando a reger a orquestra da emissora. Um ano
depois, Hebe estreava como cantora na Rádio Tupi. Nos anos seguintes cantou em
um quarteto familiar e também fez apresentações de sambas e boleros, cantando
em boates e gravando discos.
Capa de LP |
Seu envolvimento com a televisão se deu desde os primeiros
instantes de vida dessa nova forma de entretenimento no Brasil. Em 1950, ela e
Assis Chateaubriand foram ao porto de Santos buscar os equipamentos que
chegavam para as primeiras transmissões. Hebe havia sido escalada também para
cantar o Hino à Televisão na primeira transmissão, mas não foi ao evento e foi
substituída pela amiga de longa data Lolita Rodrigues. Mesmo assim, ela foi
pioneira nos programas femininos, apresentando “O mundo é das mulheres” em 1965
e a partir daí conferindo o tom descontraído das entrevistas, algo que se
tornaria sua marca e sua maior contribuição para a televisão.
Hebe passou por diversas emissoras, onde teve programas de
entrevista nos mais variados formatos. Mas com certeza sua mais lembrada casa
foi o SBT, no qual ela fez mais de mil programas em quase vinte e cinco anos.
Na emissora ela também foi madrinha do Teleton, programa especial dedicado à
arrecadação de recursos para as crianças deficientes. Sua saída da emissora em
2010 surpreendeu o público e Hebe firmou contrato com a RedeTV!. Dias antes de
a apresentadora falecer, sua volta ao SBT foi anunciada.
Hebe casou-se pela primeira vez aos 35 anos com Décio Capuano, que
já namorava fazia 15 anos. Em 1965 ela teve seu único filho, Marcello, e ficou
um ano sem trabalhar cuidando do menino. Conta-se que Décio era muito ciumento
e não concordava com o trabalho da esposa no rádio e na televisão, motivo que a
levou a se separar dele em 1971, menos de sete anos após o casamento. Dois anos
depois ela casou-se com o empresário Lélio Ravagnani, com quem ficou até a
morte dele, em 2000. Hebe admitiu ter feito um aborto aos 18 anos, quando
engravidou e foi abandonada pelo primeiro namorado, e disse que sofreu mais
dois abortos espontâneos enquanto vivia com Décio.
O câncer no peritôneo, tecido na região abdominal, foi descoberto
no início de 2010. A partir daí sucederam-se séries de cirurgias e internações.
Com sua morte e enterro, o país parou e São Paulo viveu 24 horas de cidade
fantasma, tamanho era o carinho dos paulistanos pela apresentadora. As
homenagens nas mais diversas emissoras mostraram o quanto ela foi benquista por
seus colegas de profissão e respeitada pelo público, até mesmo pelos
telespectadores que não eram seus fãs de carteirinha.
Hebe virou até boneca |
Sua
marca registrada foi a espontaneidade, expressa nas conversas em seu famoso
sofá, nos selinhos que distribuía entre os convidados, a quem tratava por
“gracinha”. Sua alegria se mostrou presente nas viagens, sobre as quais fazia
matérias para seu programa, com direito até a desfilar na parada da Disney. Sua
fé era inabalável e seu legado continua, mesmo que inconscientemente, em todos
os cantos da televisão brasileira.
“Não existe motivo nenhum para você mudar sua
personalidade porque você tem uma situação melhor ou não. Eu fico com pena de
quem
muda.”
muda.”
Hebe Camargo (1929-2012)
Querida amiga
ResponderExcluirAcredito
que o melhor da Hebe,
tenha sido
o seu abraçar
a alegria.
Que todos os dias
os sonhos nasçam em ti,
como nasce o sol pela manhã...