1 de set. de 2012

Perfis de Mulher: Judy Garland


Uma das mais belas e celebradas vozes do último século foi também uma das mais trágicas cantoras. Com uma vida cheia de altos e baixos que incluíram relacionamentos fracassados, vícios, problemas de peso e exigências demais para uma garota que começou ainda muito jovem, Judy Garland colecionou fãs, sucesso, prêmios, mas também desgostos e fracassos.
Nascida Frances Ethel Gumm em 1922, na cidade de Grand Rapids, Minnesota, era a mais nova de três irmãs. Mais uma boca para alimentar era motivo de preocupação, mas em poucos anos essa mesma boca tornou-se fonte de renda, pois nunca se tinha ouvido uma voz infantil tão afinada. Frances juntou-se ao número de vaudeville da família e com as irmãs formou o trio The Gumm Sisters. Foi também com elas que a garota de 7 anos estreou no cinema, em pequenos curtas. Em 1935, apareceu num número em Technicolor, “La fiesta de Santa Bárbara”.
O principal veículo para sua carreira a partir de então foi a série de filmes Andy Hardy, feitos com seu amigo Mickey Rooney. Nesta época ela já havia mudado de nome, tendo escolhido o título de uma canção popular, Judy, e aceitado a proposta de usar o sobrenome Garland, que em inglês significa grinalda. Embora Mickey fosse um cantor mediano, ele e Judy entoavam melodias em boa parte de seus filmes e em shows pelo país.
Seria em 1938 que ela ganharia o papel de sua vida e pelo qual ela é mais lembrada: Dorothy em “O Mágico de Oz”. Foi dosi anos depois de ela ter perdido o pai, deixando sua carreira sob os cuidados de sua autoritária mãe. Com um visual infantilizado para seus 16 anos e uma boa dose de talento, Judy deu voz e vida a essa adorável personagem.
A partir daí duas cláusulas passaram a constar no contrato de Judy com a MGM, alegando que ela não poderia perder a voz nem engordar. Ela recebia remédios moderadores de apetite dos médicos de estúdio e, com o passar do tempo, mais e mais remédios mostraram-se necessários, fosse para dormir, acordar, ter energia ou acalmar-se. Tudo isso misturado ao cigarro e à bebida. Os atrasos e colapsos frequentes nos sets de filmagem a tiraram de algumas produções ao longo da década de 1940, culminando no desligamento dela o estúdio em 1948, seguido por uma tentativa de suicídio. 
Judy casou-se cinco vezes. Na primeira, ela tinha 19 anos e o pianista David Rose, 32. Ela foi contra a vontade de sua mãe e do estúdio, mas foi a influência de ambos que ajudaram a acabar com o casamento, ao obrigarem a moça a fazer um aborto. O matrimônio seguinte seria com o diretor de “Agora seremos felizes” (1944), Vincente Minnelli, com quem teve a filha Liza. Seu terceiro marido a ajudou a se reerguer após ter sido despedida da MGM. Sidney Luft, pai de seus filhos Lorna e Joey, foi o produtor de vários concertos, como no Carnegie Hall, e também do filme“Nasce uma Estrela” (1953), o retorno triunfal de Judy às telas.
Lutando com problemas de peso a vida toda, sempre atormentada por problemas familiares e vícios incontroláveis, Judy morreu de overdose em 22 de junho de 1969, aos 47 anos. Naquela noite, quando um grupo de homossexuais estava num bar comentando sobre a morte da estrela, houve um massacre policial que deu origem à primeira passeata pelos direitos dos homossexuais do mundo, alçando Judy ao patamar de ícone da comunidade gay. E, curiosamente, no dia de seu falecimento um tornado assolou o Kansas. Dorothy, moradora deste estado, foi justamente levada por um tornado para a Terra de Oz.          

"Seja uma primeira versão de você mesma, não uma segunda versão de outra pessoa"
Judy Garland (1922-1969) 

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Admiro muito Judy Garland e é muito triste que este grande talento tenha sofrido tanto em sua curta vida. Mas nós fãs mantemos sua memória viva.

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  3. Gostei bastante do seu texto. Não conheço muito da atriz, vi seu desempenho apenas no filme "Julgamento em Nuremberg", de 1961, o qual é bastante interessante. Preciso conhecer mais da atriz, ela é um referencial não apenas cinematográfico, mas também social, deve valer a pena conhecer.

    Passe no meu blog pra conhecê-lo: http://eooscarfoipara.blogspot.com.br/
    Como fala sobre o Oscar e Garlanda já venceu um prêmio juvenil bem como foi nominada duas vezes, eventualmente falaremos sobre ela lá.

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  4. A voz madura já em uma garotinha! Grande estrela e uma maravilhosa voz que marcou sem dúvida a carreira de Judy! Uma pena que ela também viveu momentos conturbados e acabou em um final trágico. Aparentava mais velha enquanto jovem...

    De qualquer forma, amo-a!

    Adorei o post Karla
    Bjs!

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  5. Eterna Diva e mamãe de Liza!
    Belissimo texto!!!
    bjs

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  6. Eu não sabia da história sobre o grupo de homossexuais no bar e sequer sabia que ela era um ícone para a comunidade gay. Uma pena que ela não tenha suportado a pressão feita pela indústria, ela era dona de um enorme talento e de uma beleza estonteante, que teriam sido bem melhor usados se não fossem estas imposições idiotas que ela sofreu... Ótimo post Lê! Beijos

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2012/09/habemus-papam.html

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