18 de ago. de 2012

Perfis de Mulher: Nico

Num mundo machista, muitas vezes é difícil para uma mulher se destacar numa área artística. No entanto, algumas são polivalentes e acabam por chamar a atenção por seu talento em várias áreas. Uma delas foi a alemã Nico, atriz, modelo e, apesar de ser surda de um ouvido, também cantora e compositora, influenciando diversos músicos.

Nascida Christa Päffgen em Colônia em 1938, ficou órfã de pai durante a Segunda Guerra, pois ele faleceu em um campo de concentração. Aos treze anos ela parou de estudar para trabalhar em uma loja de lingeries. Foi lá que, aos dezesseis, ela conheceu o fotógrafo Herbert Tobias, que escolheu Nico como seu nome artístico, e começou a trabalhar como modelo. Foi eleita representante da grife Chanel, mas deixou o emprego para atuar. Depois de várias propagandas na televisão, viu a oportunidade no cinema italiano, trabalhando com grandes diretores cmo Alberto Lattuada e Federico Fellini, aparecendo brevemente no clássico “A Doce Vida” (1960).


Em 1965 ela conheceu personalidades da música como Bob Dylan e Brian Jones, guitarrista do Rolling Stones. Também caiu nas graças de Andy Warhol, participando de alguns de seus filmes experimentais. Foi Warhol que sugeriu ao grupo The Velvet Underground que usasse os talentos de cantora de Nico. Um pouco relutante, eles aceitaram e, apesar do fracasso do álbum feito com ela, hoje o disco é considerado um dos mais importantes da história.

A partir daí ela investiu na carreira solo. O primeiro disco, lançado em 1967, posuía músicas de outros autores e apenas uma da qual ela era co-autora, mas Nico não ficou feliz com o resultado, pois teve pouca participação na tomada de decisões, que ficaram a cargo de músicos mais experientes. John Cale, do Velvet Underground, era um deles, e permaneceu parceiro musical de Nico até o fim de sua carreira, mas agora era ela que compunha.


Através de uma participação musical em um filme de 1969, Nico conheceu o diretor francês Phillipe Garrel, com quem passaria a viver na década de 1970, fazendo sete filmes com ele, tanto atuando como compondo a trilha sonora.

Ela teve apenas um filho, chamado Christian, em 1962. Os rumores apontam para Alain Delon como sendo o pai, o que ele sempre negou, embora o menino tenha sido criado pela mãe do ator francês. Nico viveu em vários lugares da Europa e dos Estados Unidos durante a vida, dominando quatro idiomas. Durante 15 anos foi viciada em heroína e no fim da vida tentava se livrar da droga. Em 1988, quando estava de férias com o filho em Ibiza, sofreu um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e acabou caindo e batendo a cabeça. Foi difícil encontrar uma vaga em um hospital e Nico morreu horas depois na sede da Cruz Vermelha, vítima de hemorragia cerebral.

Nico virou personagem de filme duas vezes: em 1991, num filme sobre a banda The Doors, foi interpretada por Christina Fulton e, em 2005, no filme “A Garota Irresistível”, sobre Andy Warhol e sua musa Edie Sedgwick, foi interpretada pela atriz Meredith Ostrom. Sua música foi usada em diversas produções e seu estilo serviu de inspiração para inúmeras bandas. De voz forte e poderosa, Nico mostrou que tinha talento para se destacar em diversas áreas e marcar a cena musical do século XX.        

“Eu não tenho noção do tempo. O tempo é eterno para mim, e eu não tenho pressa de envelhecer. Quer dizer, se eu estivesse preocupada em relação ao tempo, isso seria terrível”.
Nico (1935-1985)

4 comentários:

  1. Lê,
    Parabéns,pelo texto!
    Fiz um passeio mental, rs.Relembrei um docomentário sobre Andy e até filme do Jude Law(Alfie)veio a mente,rs.Obrigada !
    bjsssssss

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  2. Meu primeiro contato com ela foi através do disco do Velvet Underground, que eu considero um dos mais importantes e influentes de sua época, só depois fui conhecer o trabalho dela como atriz... Até hoje ainda conheço relativamente pouco da carreira solo dela como cantora. Excelente post Letícia!
    Bjs

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  3. Puxa lamentável perda, não sabia de toda sua historia, gostei muito.

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  4. Para mim foi tudo novidade... confesso! Com certeza não era fácil chegar ao status que ela chegou, levando-se em consideração a época em que viveu! Muito legal!!

    bjks
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