Apesar de
várias atrizes terem feito história no cinema, pouquíssimas diretoras
conseguiram fama e reconhecimento. Quando muito, eram apenas lembradas como
exceções, por um ou outro filme de sucesso. Some a esse grupo a única mulher a
ganhar o Oscar de Direção, Kathryn Bigelow, que anda sumida. Apesar de pouco
conhecida, a atriz Ida Lupino foi para trás das câmeras e obteve sucesso,
tornando-se a primeira mulher a escrever, dirigir e produzir seus próprios
filmes.
Ida nasceu em
1918, na Inglaterra, filha de uma atriz e um comediante. Deles ela e a irmã
mais nova receberam incentivo para entrar no mundo do espetáculo (a irmã Rita
se tornou atriz e dançarina). Aos sete anos, Ida escreveu e estrelou sua
primeira peça no colégio. Aos treze fez seu primeiro filme e, curiosamente, aos
14 foi escalada para uma película para a qual sua mãe tinha feito teste, mas
fora dispensada.
Em 1933, aos 15
anos, ela se mudou para os EUA e participou de musicais e dramas. Em 1939,
conseguiu seu primeiro papel realmente importante ao entrar na sala do diretor
e exigir um teste para o papel. A partir daí ganhou mais atenção e elogios da
crítica ao atuar com outro astro em ascensão, Humphrey Bogart. Em 1945 ela fez
a única comédia de sua carreira e também ajudou durante a guerra, sendo tenente
na área de defesa.
Naquela época
os contratos de trabalho dos estúdios eram muito severos, obrigando os
intérpretes a aceitarem os papéis que lhe fossem indicados. Quando recusavam um
papel, ficavam um tempo “na geladeira” como castigo. Mas há males que vêm para
bem, e, durante um desses castigos, Ida começou a observar o trabalho de
diretores e editores e se interessar pelo ofício.
Sua primeira
experiência na direção aconteceu de forma curiosa: em 1949, quando o diretor de
“Not Wanted” sofreu um ataque cardíaco, ela assumiu a tarefa de terminar a
película. Ela fundou uma produtora com o segundo marido e juntos fizeram 12
filmes, escrevendo, dirigindo, produzindo e atuando. Tendo total controle sobre
suas produções, lidou com temas como o papel da mulher, a sexualidade, a
dependência e independência femininas.
A partir de
meados da década de 50, ela tornou-se figura atuante também na televisão,
dirigindo ao todo 50 episódios de diferentes séries e atuando em mais 58. Suas
contribuições foram vistas em “Bonanza”, “Além da Imaginação”, “A Feiticeira”,
“Alfred Hitchcock Apresenta” e “As Panteras”.
Ida
aposentou-se em 1968 e faleceu em 1995, vítima de um derrame, embora já sofresse
de câncer de cólon. Apesar de sua trajetória notável, hoje ela infelizmente não
é tão conhecida quanto deveria. Ao longo da carreira, nunca recebeu uma
indicação ao Oscar, ganhou apenas um prêmio do Círculo de críticos de Niva York
em 1943. Ela tem duas estrelas na calçada da fama, tendo atuado em mais de 100
produções e dirigido 41. Essa prolífica carreira só nos dá uma certeza: Ida
Lupino foi uma mulher extraordinária.
“Eu adoraria ver mais mulheres trabalhando como diretoras e produtoras. Hoje é quase impossível fazer isso se você não for uma atriz ou escritora com poder... Eu não hesitaria neste minuto em contratar uma mulher se encontrasse o assunto certo.”
Ida Lupino (1918-1995)
Mais um excelente post Letícia, eu conheço relativamente pouco da obra dela, preciso assistir a alguns de seus filmes... Mas ela não foi a primaira mulher a dirigir um filme, antes dela vieram, que eu me lembre, a Maya Deren que co-dirigiu, produziu, escreveu e atuou no clássico "Meshes of the Afternoon" e a controversa Leni Riefenstahl que dirigiu, produziu e escreveu, na Alemanha nazista, o documentário "Olympia"...
ResponderExcluirhttp://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2012/07/pearl-jam-twenty.html
Quando lembro dela, logo me vem à mente o episódio de "Além da Imaginação" que ela fez, "The Invaders"... Belo post, não conhecia essa faceta de pioneira dela.
ResponderExcluirAdorei o post Lê!
ResponderExcluirBjos
Amanda Fernandes
www.redapplepinups.com
Realmente, há poucas mulheres destacadas no que diz respeito ao "por trás da câmera"... E talentosas são!
ResponderExcluirBela lembrança!
;D