23 de jun. de 2012

Perfis de Mulher: Eva Perón

Mais do que nunca as mulheres tomam seu espaço na política e se saem muito bem à frente de grandes organizações. Sabemos que uma mulher no comando de uma nação não é algo novo, mas às vezes surgem casos raros. Eva Perón jamais foi eleita para cargo algum, mas se tornou um símbolo de uma época na política e, mais do que isso, uma figura interessantíssima.
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Nascida Maria Eva Duarte em 1919, era a mais nova de cinco filhos que um rico fazendeiro tivera fora do casamento. Quando ela tinha apenas um ano, seu pai deixou a família e sua mãe trabalhou costurando e cozinhando na tentativa de sustentar seus filhos em um pequeno apartamento numa das regiões mais pobres da Argentina.
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Enquanto crescia, Eva gostava de ir ao cinema e representar nas peças organizadas pela escola. Isso a levou para Buenos Aires aos 15 anos, determinada a tornar-se atriz. Ela teve algumas dificuldades, estando sozinha na cidade grande, mas logo conseguiu alguns papéis no rádio e em filmes B. Durante toda sua carreira, Eva Duarte nunca participou de filmes de grande sucesso. Ficou realmente famosa no rádio, onde participou de programas variados e radionovelas, inclusive ajudando a fundar o Sindicato Argentino de Rádio.
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Durante uma festa conheceu o então ministro do trabalho, Juan Domingo Perón. Eva havia feito um evento, junto com outros artistas, para levantar fundos para as vítimas de um terremoto, evento este idealizado por Perón. Eles começaram a namorar e logo foram morar juntos, algo inaceitável para a época. Mais inaceitável era o comportamento de Perón, que deixava Eva participar de suas reuniões de trabalho. Foi aí que ela começou a se interessar por política.
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Em 1945 Perón foi preso, pois muitos políticos temiam que sua popularidade atrapalhasse o presidente em exercício. Seis dias depois uma multidão se reuniu para pedir a soltura dele, e foram atendidos. Então o destino já estava traçado: no ano seguinte Perón ganhou a eleição para presidente, contando com a ajuda de sua agora esposa no rádio e também em campanha pelo país. Foi nessa campanha que ela começou a insistir que fosse chamada de Evita pelo povo. Em 1947 ela fez uma longa visita a diversos países da Europa, chamando atenção suficiente para aparecer na capa da revista Time.
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Seu trabalho com os mais pobres é até hoje lembrado. A Fundação Eva Perón tornou-se seu maior orgulho e obsessão. Através dela muitas roupas, sapatos, mantimentos e bolsas de estudos foram distribuídos e o dinheiro era também usado para construir casas e hospitais. Tudo ficava sob a supervisão de Evita, que ainda insistia em visitar aqueles que eram beneficiados pela fundação.
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Outra ação importante foi o apoio ao sufrágio feminino: só em 1947 as mulheres argentinas conseguiram o direito de votar (no Brasil, isso aconteceu em 1934). Ela em seguida criou o Partido Peronista Feminino, que cresceu rapidamente, com muitas mulheres entrando para a política influenciadas por Evita. Ela chegou a cogitar a candidatura a vice-presidente em 1951, mas a pressão dos militares e da burguesia, aliada à sua saúde frágil, a fizeram mudar de ideia.
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Perón foi reeleito em 1951, mas Evita sofria. Tinha passado já por uma cirurgia, mas como seu câncer cervical evoluía rapidamente, fez uma histerectomia (retirada do útero) e se submeteu à quimioterapia, sendo a primeira pessoa na Argentina a usar esse tratamento. Em vão: Evita faleceu em 1952, aos 33 anos. Sua morte causou histeria e comoção geral. Foi embalsamada, teve funeral com honras de chefe de Estado e, durante o regime militar na Argentina, seu corpo foi roubado e enterrado em Milão. Depois de recuperado, foi finalmente enterrado em solo argentino, numa tumba inviolável.
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Perón voltou do exílio após a ditadura com sua nova mulher, Isabel. Foi novamente eleito presidente, mas faleceu em exercício. Sua esposa era sua vice, e Isabelita tornou-se a primeira mulher presidente de uma nação na história. Mesmo assim, nunca conseguiu livrar o povo da lembrança saudosa de Evita, a protetora dos descamisados, uma figura divina, que inspirou diversas obras, incluindo um musical, e se tornou mais famosa do que qualquer grande atriz de seu país.
"Eu sei que, como todas as mulheres, eu tenho mais força do que aparento”
Eva Perón


4 comentários:

  1. Excelente postagem, Le!!! Adorei conhecer mais um cadim sobre Evita!

    Não dá pra negar o quanto ela foi importante!!

    bjks JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...

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  2. Sempre tive um encanto pela história dela...
    Eva foi se construindo de forma tão distinta e forte que é impossível passar indiferente a sua vida!

    ;D

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  3. Que mulher!
    Fibra!!!
    Pena sua morte prematura.
    Adorei o texto.
    Bjoks

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  4. Sou um grande admirador de Evita. No dia 23-1-2013, estive visitando seu jazigo em Buenos Aires. Era um sonho de 33 anos, a mesma idade que ela tinha quando morreu. Tenho um blog onde já escrevi duas crônicas e um poema sobre ela. O poema está intitulado: "Uma oração para Evita", publicado no www.blogdoriquetti.blogspot.com Considero-me o maior fã brasileiro da Santa Evita, a Eva Duarte de Perón. Euclides Riquetti - Joaçaba - SC

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