19 de mai. de 2012

Perfis de Mulher: Katharine Hepburn

No dia 12 de maio de 2012 ela teria completado 105 anos. Mesmo nove anos após sua morte e passados 80 de sua estreia no cinema, Katharine Hepburn continua inspirando milhares de mulheres ao redor do mundo. E não são só as cinéfilas. Inconscientemente, várias moças se vestem com roupas inspiradas no estilo de Kate e se comportam de uma maneira livre e moderna, sem saber que foi ela uma das mulheres independentes pioneiras. 

Katharine Houghton Hepburn nasceu em 1907, a segunda de seis filhos. Seu pai era médico e sua mãe batalhava pelo controle de natalidade e o direito das mulheres ao voto. Aos catorze, sofreu um grande golpe com o suicídio do irmão mais velho. Cursou história e filosofia na faculdade, onde também começou a atuar em peças de teatro. Ela se formou em 1928 e continuou atuando, para desgosto do pai. O sucesso na Broadway e o convite para Hollywood vieram no mesmo ano: 1932. Na ocasião o veterano John Barrymore teria afirmado que ela tinha um futuro brilhante como atriz. 

Depois de apenas duas produções, Katharine ganhou seu primeiro Oscar pelo filme “Morning Glory” (1933). Foram doze indicações ao longo de sua carreira, levando um recorde de quatro estatuetas. Três delas vieram na velhice: em 1967, por “Adivinhe quem vem para jantar”, em 1968, por “O Leão no Inverno”, e em 1982, por “Num lago dourado”. Muitos críticos a consideram, por essa façanha, a maior atriz do século XX.

O estilo de Kate 
Ela se casou apenas uma vez, aos 21 anos, se divorciando pouco tempo depois. Na ocasião do matrimônio convenceu o marido a mudar a assinatura para que ela não tivesse de adicionar o sobrenome Smith, o que causaria confusão entre ela e uma cantora de rádio. Mesmo assim, jamais usou o sobrenome do marido, com quem manteve uma relação amistosa depois do divórcio. No entanto, a separação não significou o fim dos relacionamentos amorosos: na década de 1930 envolveu-se com o diretor de cinema John Ford e o magnata Howard Hughes, romance este retratado no filme “O Aviador”, de 2004. Mas sua maior e mais famosa história de amor foi com o ator Spencer Tracy, com quem fez nove filmes e viveu durante 24 anos. Tracy era católico, casado e tinha um filho deficiente auditivo, por isso nunca se divorciou legalmente da esposa.

Com Spencer Tracy em "A Mulher do Dia", de 1942
Até aqui já está escrita a vida de uma mulher notável. Mas Kate (sim, porque já me considero íntima dessa diva) foi muito mais. Rebelou-se contra a moda feminina vigente usando sempre calças compridas, sapatos mais masculinos e cabelos curtos que, vira-e-mexe, voltam à moda. Em 1934 fez o papel de uma moça que se veste de homem para aplicar golpes com o pai. Em 1938, também de cabelos curtos, fez aquela que seria uma das comédias mais elogiadas pela nova geração de críticos: “Levada da Breca”. Só que o filme foi um fracasso nos cinemas e Kate se tornou persona non grata nos estúdios. Sem problemas: demitiu-se, voltou para os palcos, fez sucesso e dois anos depois vendeu os direitos da peça “The Philadelphia Story” para a MGM, com uma condição: que ela fosse a estrela do filme.

Depois do retorno em grande estilo, passou a interpretar mulheres fortes como ela própria. Nos filmes com Tracy, normalmente era uma mulher geniosa que não queria abrir mão de sua individualidade para viver um relacionamento. Falando sempre o que pensava, Hepburn deixou uma série de citações memoráveis contra o casamento, a maternidade, a obsessão do público pelos artistas e o machismo da sociedade em que viveu.

Em "Sylvia Scarlett" (1934)
Transitando com facilidade entre comédias e dramas, personagens tipicamente femininas e outras com um toque andrógino, Kate desafiou o sistema hollywoodiano em busca de melhores papéis, e também a sociedade, em busca de sua satisfação pessoal. Moderna para sua época, decidida e batalhadora, Hepburn é um dos meus ídolos e um grande exemplo, não apenas de atriz, mas sobretudo de mulher.

"Eu sou uma personalidade bem como uma atriz. Mostre-me uma atriz que não é uma personalidade, e você me mostrará uma mulher que não é uma estrela".
Katharine Hepburn

4 comentários:

  1. Nossa, muito bom seu texto! Katharine Hepburn foi de fato um ícone do cinema... uma mulher muito forte e à frente de seu tempo!

    bjks :)

    JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...

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  2. MAravilhoso!!
    Uma delícia de ler...
    Sou suspeita para falar de Kate - tmb me considero íntima dela hehehhe -, mas, que maior personificação do cinema talento que ela, neh?!!

    ;D

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  3. Meninas do blog, mas que ideia fantástica! Creio que passarei um bom tempo por aqui. K. Hepburn foi uma das maiores atrizes de sua época; Sylvia Scarlett só mostrou o quão versátil ela era. Personagem marcante e inesquecível.

    Parabéns pelo texto Lê.

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