Ainda hoje é
ínfima a contribuição das mulheres no mundo dos quadrinhos e charges. Raramente
vemos uma artista brasileira fazer sucesso desenhando e criando caricaturas
para fazer críticas políticas. Falta de inspirção do passado não é a causa
disso, pois tivemos, no início do século passado, uma grande caricaturista que
foi até primeira-dama do país!
Nascida Nair de
Tefé Von Hoonholtz em 1886, era filha de um importante barão, herói da Guerra
do Paraguai e diplomata. Ainda muito pequena foi morar na Europa, tendo uma
educação privilegiada na França. Aos nove anos fez sua primeira caricatura e
aos vinte, já de volta ao Brasil, começou a expor seus desenhos em vitrines de
lojas da Rua do Ouvidor, a mais elegante do Rio de Janeiro. Ela tamém cantava,
pintava, tocava piano e atuava, tendo criado uma trupe que montava espetáculos
beneficentes.
Em 1909 ela
publicou sua primeira caricatura na revista Fon-Fon, com a qual colaborou muito
nos anos seguintes. Em 1910 seu trabalho foi destaque também em revistas
francesas. Dois anos depois realizou uma exposição com 200 caricaturas. Ela as
assinava com o pseudônimo Rian que, além de ser seu nome ao contrário, também
siginfica “ninguém” em francês.
No ano de 1913
ela se casou com Hermes da Fonseca, presidente do Brasil desde 1910. Apesar de
ter parado de desenhar, não sossegou: fazia saraus de música popular na
residência presidencial, tocava violão ao lado da amiga Chiquinha Gonzaga e
planejou a estreia do maxixe “Corta Jaca”, de autoria de Chiquinha. Tudo isso
gerava muitas críticas, por se tratar de uma chocante quebra de protocolo. E
não foi só isso: reza a lenda que, durante uma reunião dos ministérios, Nair
desenhou na barra de seu vestido caricaturas de todos os ministros.
Caricatura do próprio marido |
Depois do fim
do mandato do marido, eles foram morar em Petrópolis e, depois, na Europa. Nair
voltou para participar da Semana de Arte Moderna de 1922, ano em que enviuvou e
voltou a desenhar brevemente a pedido de algumas revistas. Nair adotou três crianças
e não se casou novamente.
Voltando-se
para o mundo literário, foi eleita para a Academia de Ciências e Letras em 1928
e, no ano seguinte, a extinguiu, fundando a Academia Petropolitana de Letras em
seu lugar. No ano de 1932 também fundou um cinema em Copacabana, o Cinema Rian.
Sua arte e seu
pioneirismo voltaram a ser destaque na década de 1950. Na década de 1960 declarou ser fã da Jovem guarda e gostar da nascente moda da minissaia, mas "apenas para quem tem pernas adequadas". Aos 88 anos escreveu um
livro de memórias. Nair faleceu em 1981, no dia de seu aniversário de 95 anos.
Em 1982 foi fundado o Centro Artístico Rian, para incentivo às artes plásticas,
mas infelizmente este sobreviveu apenas um ano. O que permanece é o legado de
Nair, a primeira mulher cartunista não apenas do Brasil, mas do mundo.
“A gente quando é jovem, complica muito a vida e estraga a mocidade”
Nair de Teffé (1886-1981)
Quanto pioneirismo! Gostei muito de saber mais sobre essa grande figura. Acho que todos têm um papel importante quando se fala de arte, ainda mais as mulheres naquela época. Realmente, muito legal!
ResponderExcluirBeijos <3
Gostei de conhecer um cadim sobre essa mulher! ;)
ResponderExcluirbjks
http://umaseoutrasjoicy.blogspot.com.br/
Uma admirável, inspiradora mulher!
ResponderExcluirBjos
Amanda Fernandes
www.redapplepinups.com