27 de jun. de 2012

Monogamia x Poligamia

A monogamia... Condição primaria de relacionamentos ocidentais. É aquela na qual cada pessoa se dispõe a ter apenas um parceiro/ companheiro/ cônjuge por vez.

Esta é uma lei em nosso país, comumente desrespeitada e, por vezes, o grande fator oxidante dos relacionamentos amorosos.

É muito complicado para um animal, que não é naturalmente monogâmico, se adaptar a uma regra cultural que nos impõe que desejemos apenas uma pessoa por vez. É claro, para todos que têm sangue correndo nas veias, que outras pessoas nos chamam atenção, mesmo estando nos relacionando com alguém.

Existem aqueles que, via de regra, deixam o Id falar mais alto e saciam a vontade. Existem outros que recalcam o desejo e se queixam constantemente de outras coisas, mas que por fim, se realmente conseguissem ver, o que estaria em jogo é esse desejo as avessas dentro da cachola. Outros, no entanto, conseguem sentir o desejo e pesar o que realmente importa: Saciá-lo ou deixar passar e valorizar o construído com seu parceiro anteriormente escolhido.

Já a poligamia, comumente encontrada no oriente médio, valida somente para os homens e em outros locais do mundo, está caindo em desuso sendo, apenas, "permitida" em situações de guerra.

Acho que para nós, ocidentais, não seria mesmo fácil manter um regime poligâmico, porque não seria uma via unilateral masculina e acho que por conta disso, uma guerra civil seria passível de acontecer.

Entretanto, existem alguns formatos de relacionamentos que abrem espaço para a poligamia e, com alguma conversa franca e honestidade de ambas as partes, é possível lidar com ela de forma até, fazer bem para a instituição à dois.

Conheci pessoas que conseguiram manter um relacionamento aberto durante anos sem problemas maiores por isso, especialmente. Conheci outras, que o parceiro desrespeitou até as regras do relacionamento aberto. Ou seja, nada é certo. Nem na monogamia, nem na poligamia.

Valores religiosos são muito levados em consideração também, em relação à escolha de condição  relacional. Aqueles que seguem o legado cristão, por certo que não vai conseguir estabelecer com o outro um relacionamento aberto. 

Por fim, o que me vem a cabeça é mais ou menos o que sempre me vem ao final de todos os textos. Tudo é uma questão de dar conta de arcar com as responsabilidades que te cabem. Você daria conta de não ficar com mais ninguém além daquele que está com você? Ou, se não, você daria conta de saber que seu parceiro está ficando com outras pessoas, assim como você também está? Entre outras tantas perguntas que surgem à partir da tópica desejo extra-relacionamento.

São questões complicadas. É difícil não ser egoísta com esses assuntos. Queremos satisfazer às nossas vontades, mas não queremos dar espaço para outras pessoas terem a oportunidade de se aproximarem de quem gostamos.


5 comentários:

  1. Oi. Muito interessante essa discussão. Eu penso assim:

    Como você colocou, existem benefícios e desvantagens em ambas as “propostas” de relação.

    Na monogamia (considerando a fidelidade, claro – senão não vejo sentido chamar monogamia), temos uma maior tranquilidade em relação ao nossos companheiros, menos motivos para ciúmes, uma maior cumplicidade e simplicidade para um projeto de vida a dois a longo prazo; em contra-partida, temos a monotonia, as tentações de ficar com uma terceira pessoa, a sensação de (como alguns dizem, embora eu não concorde com o termos a seguir) estar “perdendo a vida”, “deixando passar oportunidades que não voltarão”.

    Já a poligamia apresenta a solução para os “problemas” da monogamia. Há possibilidade de não suprimir tanto nossos instintos animais, a monotonia é significativamente diminuída, “a vida está sendo plenamente desfrutada”; o lado ruim é, a coisa fica bem mais complexa, porque relações envolvem sentimentos, e sentimentos são complexos. Se a dois já enfrentamos DRs infinitas por coisas banais, fico imaginando a 3, 4, 5, N... Será que alguém em algum momento iria ficar carente e demandar uma atenção maior? Será que os outros envolvidos teriam sobriedade para lidar com esse momento? Como seria a prática sexual? Sempre com camisinha? Ou o grupo se comprometeria a se limitar entre si de modo a evitar doenças extra-grupo?

    São apenas exemplos, mas eu acho que o potencial de problemas numa relação poligâmica é maior que numa relação monogâmica. E essa é minha hipótese: eu penso que a monogamia, como questão cultural, deve ter derivado de experiências pregressas que já fogem ao nosso registro histórico. O que quero dizer é, penso que a dominância do “acordo” monogâmico, não aconteceu por acaso. Acho que há muito e muito tempo atrás, antes da Bíblia e afins, as pessoas perceberam que a monogamia é uma saída onde se perde menos.

    Também, em favor a monogamia, coloco: a vida é feita de escolhas. Se a “limitação” que a monogamia traz é um problema tudo bem, mas não espere ter a longo prazo, numa relação poligâmica, o mesmo envolvimento com seus parceiros, que teria numa relação monogâmica. Por outro lado, se a ideia romântica de “felizes para sempre”, típica da monogamia, é o seu ideal e objetivo, aprenda a ser fiel e aceitar que não se pode ter tudo na vida.

    O que vocês pensam?

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  2. Me fez pensar naquela música do Raul Seixas...
    A Maçã!

    Eu acho que a escolha deve partir de cada relacionamento... Ver o que funciona para cada um e partir dali. É fácil dar a resposta dentro de um contexto social inserido, mas, e quanto a pessoa? Difícil assumir uma postura se caberia a cada um pensar em si antes de responder.

    No fim, vc tem razão:"Tudo é uma questão de dar conta de arcar com as responsabilidades que te cabem."

    Mais um ótimo post!

    ;D

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  3. Ui,me arrepiei com o primeiro comentário!!!Texto magnífico e resposta idem! É,vai de cada pessoa.Dizem de tudo nesta vida,com certeza,mas como aKarla mencionou vai de cada pessoa e eu nesse caso,sou monogâmica,não me vejo querendo ter relacionamento,sentindo vontade de diversificar,agora,o que é difícil,é sincronizar as preferencias individuais com o parceiro. No meu caso ele exigia que eu aceitasse uma segunda pessoa,se relacionou com ela e tal.Eu sofri,briguei,lutei e por fim dei as costas porque era ou vai ou racha,ou eu ou ela e ele enfiou outras no meio pra me fazer perceber que era perda de tempo.Aí me mandei,ele tentou levar a vida que sempre quis mas não suportou nem uma semana e voltou atrás.Durante esse tempo não me considerei "solta","vamos cair pra dentro","da ora a vida",era apenas eu e acabou e estava muito bem sozinha.Até hoje esse foguete mela o nosso relacionamento,não me entrego mais como antes,não sei se um dia passa esse ressentimento que eu tenho em relação a ele, o meu amor por ele é que nunca vai passar.Não me vejo fazendo o mesmo,não é da minha índole.Mais fácil eu ir treinar Muai Thay e chutar coqueiros até que se arrebentem para extravasar a minha raiva.Não consigo deixar uma pessoa encostar em mim simplesmente pelo momento,por vingança,por tesão instantâneo e não ajo assim por ser puritana ou achar que o sexo é pecaminoso,até porque adoro sexo,se pudesse viveria engatada e faria tudo engatada,tipo ir à padaria,ao cinema,à opera,debaixo de chuva,na praia,no deserto sempre fazendo sexo sem parar,mas só é possível se eu tiver aquela marca registrada,o odor, o sabor do corpo amado em mim e o meu no dele,é quase como que um cordão que nos ligue de maneira estreita.Acredito que vire um fuá se tentar estender esse cordão,misturar as estações,os odores,os gostos e os fluídos corporais.

    Mais uma vez é uma questão de foro íntimo e aqi estou eu revelando a minha questão à vocês! kkkkkkkkkkkk!


    Nay,parabéns pela publicação!

    Beijocas!

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  4. Desde os primórdios - ser humano e monogamia não é algo que combine muito!
    Creio que o humano nasceu para relacionamentos multiplos/infinitos..
    Talvez, por essa 'imposição' cultural/social/antroposófica/religiosa........Temos muitas separações, traições etc.

    beijos e EXCELENTE texto ein?

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  5. Olá,

    concordo com a Patrícia e justifico.

    Historicamente a monogamia tem se mostrado algo contrário aos nossos instintos. A grande questão é que seguindo por esta linha esbarramos em duas questões muito polêmicas: Familia e Religião.

    No V capítulo do livro o Mal estar da civilização Freud nos brinda com excelentes argumentos que dão sustentação para a afirmação que perdemos mais sendo monogâmicos, pois além de estarmos nos sabotando (a sombra do ego)deixamos de contribuir para o todo. Ao nos "fecharmos" em uma relação estamos implicitamente deixando de contribuir/compartilhar com os demais, pois por maior que possa ser o nosso círculo social haverá uma pessoa que estará destacada (via de regra).

    Huxley em "Admirável mundo novo" nos oferta uma sociedade totalmente poligâmica, dentre as frases do centro de condicionamento duas delas dão conta desta questão: "A promiscuidade é um direito do cidadão" e "Todos pertencem a todos".

    Certa vez conheci uma jornalista ambiental que teve a oportunidade de frequentar algumas tribos indíginas, me lembro que em uma das nossas conversas ela disse que ficou fascinada diante da conduta deles em relação a esta questão, uma criança quando nascia não "pertencia" a dois individuos, TODOS (eu disse todos) tinham a mesma responsabilidade sobre o bem estar e educação desta, ao final, "pouco" importava (socialmente falando) quem eram os pais biológicos.....

    Enfim, mais um assunto interessante cuja discussão imagino ser infindável....rsrsrsr....As opiniões com certeza serão as mais variadas e os argumentos os mais convicentes.

    Em tempo, Anais Ninn, Henry Miller, Lou Salomé, Carl Andreas, Frida Kahlo, Diego Rivera, Rodin, Camille Claudel, Carl G Jung, Sabina Spielrein são alguns exemplos de grandes nomes que experimentaram atravessar a fronteira do que regia o bom senso e viveram extraordinariamente suas vidas poligâmicas....rsrsrs

    Beijos.
    Fabio.

    http://cartasparaninguem2.blogspot.com





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