Muitas mulheres
conseguiram triunfar e por isso merecem ser lembradas. Algumas alcançaram o
sucesso após superar grandes dificuldades. Helen Keller foi uma delas. Cega e
surda, vivendo na virada do século XIX para o século XX, enfrentou muitos
obstáculos até se tornar uma intelectual notável. E polêmica.
Em 27 de junho
de 1880 nasceu Helen Adams Keller, uma menina perfeitamente saudável. Aos 19
meses de idade, ela contraiu uma doença, talvez meningite ou escarlatina, que a
deixou cega e surda. Quando bebê a única pessoa que entendia os sinais que ela
fazia era a filha da cozinheira e, com o tempo, todos na casa foram se
adequando e criando um código para se comunicar com Helen. Aos oito anos,
graças a um escrito de Charles Dickens e um conselho de Alexander Graham Bell,
Helen foi com seu pai procurar ajuda em uma instituição para educar
deficientes. Foi aí que surgiu a figura mais importante de sua vida: Anne
Sullivan.
A própria Anne,
aos 20 anos de idade, era cega e ex-aluna da instituição. Ela teve de enfrentar
muitos problemas até Helen aprender as palavras que ela ia soletrando, em
língua de sinais, nas mãos da menina. Mas todo o esforço valeu à pena e Anne
não apenas quebrou a barreira da incomunicabilidade com Helen, mas também a
acompanhou em voos mais altos. Helen foi para a escola e para a faculdade,
sendo a primeira pessoa com deficiências múltiplas a ter um diploma
universitário. Ela se formou bacharela em Artes aos 24 anos, tendo sua educação
financiada por um magnata do petróleo que admirava sua força de vontade.
Sua própria
carreira nas artes já havia começado dois anos antes, quando Helen publicou sua
autobiografia. Depois de formada, ela, Anne e o marido de Anne se tornaram
grandes companheiros. A esta altura Helen era capaz de “escutar” música
captando as vibrações das ondas sonoras em uma superfície e também havia
aprendido a falar, tornando-se palestrante. Para completar, ela era capaz de
entender o que os outros falavam colocando a mão nos maxilares de seus
interlocutores, método que hoje é conhecido como Tadoma.
As ideologias
de Helen Keller não poderiam ser mais avançadas para a época: defensora do
sufrágio feminino e do controle de natalidade, opositora da entrada dos EUA na
Primeira Guerra Mundial e membro do Partido Comunista. Começou a defender os
direitos dos trabalhadores ao conhecer as condições abusivas de trabalho que
levavam à cegueira nas fábricas e em prostíbulos, sendo neste último a causa
principal a sífilis. Ao se declarar comunista, presenciou a ira de um
jornalista que, anos antes, havia escrito vários elogios sobre ela. Com a
alegação, ele voltou a escrever sobre Helen, desta vez menosprezando-a devido a
suas deficiências.
Além de
escrever e publicar 12 livros e vários artigos, Helen fez algo que poucos
sabem: introduziu na América a raça de cachorro Akita, pois adotou dois deles
em uma viagem ao Japão na década de 1930. Além dos cães, seus grandes
companheiros na vida adulta foram os empregados de sua casa. Após a morte de
Anne Sullivan, em 1936, Helen e sua empregada viajaram o mundo em busca de
investimentos para projetos que beneficiassem os deficientes visuais. Helen
faleceu aos 88 anos, depois de uma série de derrames.
Uma história
tão impressionante não passaria sem chamar a atenção do cinema. Em 1919, cenas
de seu dia-a-dia foram usadas no documentário romantizado “Deliverance”. Na
ocasião Helen se tornou amiga de vários atores de Hollywood, notadamente
Charles Chaplin. A partir da biografia de Helen surgiu The Miracle Worker, um ciclo de histórias sobre a relação dela com
Anne Sullivan que foram adaptadas para a TV, a Broadway e finalmente para o
cinema em 1962, rendendo Oscars para as atrizes que interpretaram Helen e Anne,
respectivamente Patty Duke e Anne Bancroft. Foram feitos também documentários e
até um filme em Bollywood sobre ela. Além disso, ruas, hospitais, institutos e
estátuas foram criados para homenageá-la e manter viva a memória dessa mulher
surpreendente.
“Às vezes eu penso sobre minhas limitações, e elas nunca me
deixam triste. Talvez seja apenas uma pequena vontade de vez em quando, mas é
vaga, como a brisa entre as flores.”
Helen Keller
(1880-1968)
Lê,
ResponderExcluirBelíssima lembrança!
Na época de Pós fizemos nosso trabalho sob a temática:Ecoturismo para Cegos. Devoramos quase tudo sobre essa maravilhosa cidadã.
Um exemplo de vida!!!!
bjs.
Acabei de traduzir um texto de Keller que pode interessar a si e a seus leitores. Espero que goste:
ResponderExcluirComo me tornei socialista - Helen Keller