6 de jun. de 2012

Sinta à vontade

Eu adoro falar dos sentidos. De nossos cinco sentidos, nossas formas de alcançar o mundo através do corpo. E nada mais coerente com sexo, do que sentidos.

Falarei um pouco dos sentidos e das formas de usufruir deles durante o sexo. Confesso que pode parecer até redundante, mas duvido muito que as pessoas parem pra pensar sobre o sexo com essa perspectiva, com frequência.

Fundir-se com alguém. E olha que nem precisa de ser de alma, pra não dizer que estou sendo romântica, porque o romantismo, apesar de existir em muitos casos, no ato sexual, em seu âmago, é de fato, muito mais animalesco do que dócil e amoroso. São dois animais, quando entregues as químicas do sexo, buscando no outro formas de sentir prazer. 

Conversando com uma amiga, ela chegou a dizer que o ofato dela era tão apurado, que sentia os diferentes cheiros que o namorado dela tinha, e citou que, o cheiro dele quando excitado, é bem particular. 

E nessa de perceber como cada sentido faz seu papel único, vou colocar algumas observações que faço e os comentários que ouço por aí.

O homem tem a visão como uma das suas maiores fontes de inspiração sexual. Claro que mulher vê filme pornô, por exemplo, mas sabemos que eles são os grandes consumidores dessa industria. Decotes, lingeries elaboradas, bundas empinadas, pernas delineadas, cabelos brilhantes, jeito de andar (Garota de Ipanema está aí pra não nos deixar mentir), são alguns dos atrativos visuais para os homens. Tem aqueles que gostam de coisas fora do padrão e nada mais justo, também. 

As mulheres já não são tão visuais assim. Tô pra conhecer uma mulher que fica de Dita Cuja "dura" porque viu um gostosão passando sem camisa. Inclusive, os descamisados que me perdoem, mas é muito barango andar na rua sem camisa, deliberadamente, sem contexto algum.

Mas, na hora H, olhar as partes do corpo de quem está com você, cada uma, separadamente, é muito interessante. Olhar apenas os olhos, como eles olham os seus, o seu corpo. Tentar entender o que eles te falam. Olhar os braços transpassados, as linhas do corpo, de como as costas da pessoa faz um desenho único em conjunto com a nuca e o trapézio. Olhar um músculo que se ressalta em algum momento por uma força a mais feita. Enfim, perceber com os olhos o que aquele corpo em comunhão com o seu, está dizendo.

Os cheiros são outros alucinógenos. Quando o cheiro da pessoa agrada seu nariz, pode saber que você está se embriagando aos poucos dela. E cada parte do corpo tem seu traço olfativo diferente. As mãos, que estão ali, indócis no seu corpo, tem um pouco do seu e do outro em sua alquimia cheirosa. O pescoço, tem perfume com hidratante, pra quem usa, e suor... O cheiro leve do sabonete que pode, ou não, permanecer na pele. 

Bom, preciso até de fazer um adendo: Perfumes são afrodisíacos. Se a pessoa sabe qual é o perfume que combina com a pele dela, é fatal. Quando ela passa e o cheiro entranha nossas narinas, você até se pergunta o que aconteceu, porque por segundos aquilo tomou conta de todos os seus pensamentos.

O tato, imagino eu, que seja, juntamente com o olfato, dos principais sentidos envolvidos na trama sexual. Você pode até ficar com uma pessoa que não está dentro de seus padrões de beleza, mas não fica por muito tempo com alguém que não te toca, no sentido literal, de forma que sua pele agrade. 

Sentir o calor e a textura de uma pessoa é algo surreal. Muitas vezes até, para os filósofos cotidianos, há perguntas do tipo: "Será que a minha pele é tão gostosa de se tocar como a do outro?" 

Os dedos sentem os pelos invisíveis, os poros dilatados de calor molhado, o correr fácil nos relevos corporais. Entre outras sensações táteis do corpo todo que vivemos nessas experiências.

"Da-lhe, Da-lhe EL PALADAR". Esse aí dá o que falar. Bom, não vou entrar em detalhes pornográficos em relação à ele, porque não tem sentido no contexto do blog. Então viagem aí, como quiserem. Mas ainda sim, com o toque erótico da coisa, sentir o gosto do seu parceiro faz você levar um pouco dele, consigo. Entre mordidinhas, chupões e lambidinhas singelas, você degusta a pessoa.

E aqueles barulhinhos, gemidos e respirações arritmadas que embalam a situação? São quase indicadores de que seu esforço está valendo a pena. E para não perder a piada, nada pior nessas horas, do que a barriga roncando. Mas também faz parte, né?

Não somente indicadores da validade do esforço, são estimulantes. Quanto mais um respira intensamente, a intensidade da respiração do outro intensifica-se e assim vai se construindo uma sinfonia única de cada relação, que nunca mais será reproduzida.

Enfim, todas essas breves descrições que variam de acordo com cada caso não são mais que humildes tentativas de ressaltar que se esses detalhes tão corriqueiros no ato sexual, forem bem observados, podem ajudar muito em um encontro mais gostoso com a pessoa com quem você está trocando intimidades. 



9 comentários:

  1. É primeira vez que visito o seu blog e fiquei besta com tudo que li,você entende do negocio em menina? Só achei muito longo o link, seu blog poderia ser (.com) ficaria mais acessível.
    Perfil do Blog
    Parabéns

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  2. É isso mesmo, Nayara! Em uma relação sexual, deve haver a convergência de todos os sentidos para aquele momento.. deve-se ter tato, paladar, audição e olfato. Todos trabalham juntos para formar uma química sexual que permite, ao prazer, emergir mais fortemente .. assim como aguçar a intimidade dos amantes.

    Adorei!

    Beijos.

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  3. Em "muito barango andar na rua sem camisa" concordo plenamente! Eu sou apaixonada pelo jeito peão masculino de ser.
    Na relação sexual tem que haver entrega total de todos os sentidos, saborear tudoooo.
    Bjoks

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  4. Ah esqueci de dizer, rs...me empolguei, é um assunto que adoro! Mas sou do blog
    http://deliciosailusao.blogspot.com.br/

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  5. Adorei, linda. Manda seu texto pro Parada Lésbica.
    Todos os sentidos tem um papel essencial na hora do sexo. Vale fazer brincadeiras para explorar e desenvolver cada um deles. Vendas, amarras, essências, texturas.
    Beijos

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  6. Que texto Maravilhoso Nayara!
    A brincadeira de experimentar o outro é o segredo do envolvimento, desta "fundição carnal" que vc fala!

    Amei!

    ;D

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  7. Que bom que vocês gostaram... Eu achei que a falta de polêmica desse texto acabou deixando ele menos visado que os outros... Mas, enfim, haja cabeça revolucionária pra polemizar tudo, né? hahahaha

    Aceito sugestões de textos! Beijos

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  8. Ola Nayara,

    assunto interessantíssimo, sem dúvida nenhuma daria algumas boas discussões. De imediato recorro a todas as minhas referências para tentar contribuir de alguma forma.

    Recentemente vi um filme chamado SENTIDOS DO AMOR que trata justamente sobre este tema; a narrativa é ótima, as atuações excepcionais e a trilha sonora sensacional, caso não tenha visto, recomendo com louvor.

    Fato é que a linguagem escrita e falada nem sempre são eficazes, existem momentos em que as palavras perdem a força e um olhar, ou um toque falam muito mais, por mais dissimulados que possamos ser, o nosso corpo não mente, quando temos "alguma coisa" se o outro estiver atento ele perceberá. E no sexo isso é muito evidente, pois é justamente o momento em que lançamos mão de todas as possibilidades para que possamos estabelecer uma conexão refinada com o outro (sem querer dar um tom romantico para o assunto).

    Me lembro que certa vez imaginei como seriam relações sexuais com deficientes visuais, o tato destas pessoas deve ser algo absurdo...Já pensou em ser massageado por um cego??

    Enfim Nayra, como você disse que aceita sugestões de textos, deixarei um que tem a ver com o tema e qua gosto muito:

    "A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos nas pontas das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contato: de um lado, toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, colocar em evidência um significado único que é "eu te desejo", e libertá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação.

    Roland Barthes - Fragmentos de um discurso Amoroso (Pág 64)


    P.S: Meio off-topic, mas pelo que pude ver nos seust textos, tenho a impressão que você iria gostar, caso não tenha visto, veja um filme chamado SHAME (Certeza, que nas tuas mãos daria um ótimo post !!)

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