O que nos torna psicopatas? Já nascemos com essa predisposição? É genético? O cotidiano pode nos direcionar para esse caminho?
Todos nós somos um pouco Psicopatas?
O
 neurologista Ricardo de Oliveira Souza se dedica há 30 anos à pesquisa 
de cérebros psicopatas. E como, sou apaixonada pelo assunto e às vezes 
tenho medo dos meus pensamentos(ainda não viraram atitudes) resolvi 
falar um pouco sobre um filme que amo e pontuar algumas 'curiosidades' 
sobre o tema[o qual é recorrente neste blog]. Parece, que ninguém é 
totalmente livre de uma atitude psicopata ,não é? Levante a mão quem 
nunca mentiu para levar vantagem(que fique registrado que isso não fiz, 
ok?), quem nunca teve ódio aniquilador de seu vizinho barulhento, que 
insiste em dar veneno ao seu cachorro(done)? quem nunca teve vontade de 
ver toda família do vizinho(que só provoca sua mãe) empilhada pelo 
quintal afora(done)?quem nunca não fez algo de bom ao outro somente por 
estar em um dia ruim? 
Pois
 é, nesta linha tênue seguimos com nossa mente, até aí, tudo bem e todos
 somos um 'pouquinho' psicopata. O problema está quando essas 
atitudes(ou pensamentos) se tornam um padrão recorrente aí o que temos a
 fazer? 
Abaixo, segue um 
pedacinho da pesquisa sobre Psicopatia do Dr. Ricardo de Oliveira 
Souza(52 anos, Neurocirurgião, formado pela UFRJ, pesquisador do Centro 
de Neurociências da rede Labs-D'Or) 
Dr.
 Ricardo de Oliveira, explica que nossa mente é um detector que emite 
julgamentos morais o tempo todo. De vez em quando, escorregamos e caímos
 mais para o lado psicopata, egoísta." no fundo todos somos 
egoístas.A verdade é que, morfologicamente, nosso cérebro demonstra 
ativar áreas de bem estar quando fazemos coisas boas a alguém.O que nos 
leva a questionar qual a verdadeira motivação de fazer o bem? Por outro 
lado, no limite somos mais psicopatas do que imaginamos? Neste ponto, 
pode ser. As lesões cerebrais do psicopata envolvem mais do que isso e 
definitivamente não tem cura.Trabalhamos para detecção mais precoce.

 
Quem
 é o oposto do Psicopata? Nos primeiros estudos de ressonância 
magnética, demonstramos, entre outras coisas, que todos nós temos um 
radar, chamado detector moral. Ele fica ligado o tempo todo e nos faz 
emitir julgamentos morais sobre tudo aquilo que vemos, de forma natural.
 Um segundo estudo que fizemos nos EUA foi para pontuar o grau desses 
julgamentos.Imagine uma linha onde, em uma ponta,está o antissocial, que
 é psicopata. A maioria da população oscila no MEIO, a cada momento 
pendendo para um lado. Na outra ponta está o altruísta,o pró-social. 
Pode-se dizer que cerca de 5% da população em geral são exemplares 
morais.É esse cérebro que agora estamos estudando.
  

Conflitante,
 não é? Ou seja, para psicopatas que viram criminosos as únicas leis são
 as suas próprias.Onde crueldade e o poder sobre pessoas lhes dão 
prazer. Bem semelhante, ao nosso filme de hoje.
 
Quem adivinha?
Um
 filme norte-americano do gênero suspense, dirigido por Ridley Scott e 
lançado em 2001, terceiro filme em que aparece o personagem "Hannibal 
Lecter"; os demais foram Dragão Vermelho (de 1986 e refilmagem de 2002) e
 O Silêncio dos Inocentes (1991)Em 2007 foi lançando um quarto filme, 
com Gaspard Ulliel e Gong Li, contando a infância e juventude de 
Hannibal Lecter e como ele se tornou o famoso canibal dos 
cinemas.Jonathan Demme, diretor de O Silêncio dos Inocentes, preferiu se afastar desta continuação por considerar a história muito violenta.Jodie Foster,
 que interpretou Clarice Starling no primeiro filme, decidiu não 
participar desta sequência por não concordar com os rumos tomados por 
sua personagem, os direitos de filmagem do livro lançado(1999) que deu origem ao filme pelo escritor Thomas Harris,
 foram vendidos a Dino de Laurentiis por US$ 10 milhões, o mais alto 
valor já pago até então por um produtor para adaptar um livro para o 
cinema, o final do filme é diferente do final do livro pois, de acordo com o
 diretor Ridley Scott, o final do livro era infilmável. O escritor 
Thomas Harris concordou com a mudança,o filme teve um orçamento de US$ 80 milhões e só nas duas primeiras 
semanas nos cinemas obteve mais de US$ 100 milhões, apenas nos Estados 
Unidos. 
No elenco,  
Anthony Hopkins, Julianne Moore, Gary Oldman, Mason Verger, Ray Liotta 
entre outros, que fecham com perfeição este filme.
Qual é o filme?
                                                                           Se você, gritou em alto e bom som: Hannibal. 

Acertou
 em cheio. No filme, temos nosso (delicioso) Dr. Hannibal Lecter, um 
canibal que há dez anos fugiu da prisão, vive tranquilamente pelas ruas.
 Porém, a agente do FBI,
 Clarice Starling, nunca se esqueceu da conversa que teve com Lecter 
antes que esse fugisse, sendo ainda aterrorizada por sua voz fria. 
Entretanto, o milionário Mason Verger , uma vítima e sobrevivente do 
ataque de Lecter, procura vingança e usará Clarice como isca. O filme 
todo é um deleite. Porém, algumas cenas são majestosas.Como é o caso da 
cena do banquete incomum regado a sangue, maldade, obsessão, ganância e 
sede de vingança; 
o personagem principal, nos mostra sua destreza e compulsão por carne humana.Temos um Anthony Hopkins, em uma atuação visceral e marcante.Óbvio, que se comparado ao filme, Canibal Holocausto, Hannibal parece 'brincadeira de criança' um excelente cartão postal da bela Florença, um pouco de sangue e nada mais.Muitos dizem, que Ridley pecou em fazer um filme tão 'lado B' como este e que o único diretor autêntico, no que se diz suspense/terror, foi o nosso adorado Stanley Kubrick. Mesmo com todas críticas, talvez por ser fã de Hopkins e secretamente adorar a 'companhia' de serial killers, no café da manhã(vide Michael C.Hall) adoro este filme. Porém,quero destacar um comentário pertinente, sobre o longa:  
 by Daniel Galera
        "Quem já assistiu Hannibal 
        e principalmente quem leu um bom punhado de resenhas que detonam o filme, 
        tem OBRIGAÇÃO de ler esse artigo na Salon, de autoria de 
        um escritor e um filósofo: 
      
      
Os caras entendem que Hannibal é 
        uma obra-prima, um dos mais autênticos filmes sobre o amor dos últimos 
        tempos, e chegam a comparar o personagem do Lecter com Nietzsche. Provável 
        exagero, mas o texto nos força a repensar o filme e a opinião 
        consensual da crítica de que se trata de um abacaxi sem nenhuma 
        possibilidade de redenção. 
      
Quando eu assisti, saí com uma 
        impressão dividida, o filme tem várias incongruências 
        narrativas e coincidências meio absurdas, mas tem realmente uma 
        porção de cenas impressionantes, principalmente na parte 
        final. A cena do cérebro é uma das coisas mais chocantes 
        que já vi no cinema, e não sei dizer se ela possui apenas 
        choque vazio, ou se é uma sátira genial da ultra-violência 
        no cinema americano. Uma coisa é preciso admitir: a sequencia final, 
        desde o despertar da Clarice, passando pelo banquete macabro, até 
        a mão decepada, foi concebida de maneira admirável pelo 
        Ridley Scott, e resolve o filme de tal maneira que não se pode 
        descartá-lo como lixo sem uma ponderação mais cuidadosa. 
        
      
Eu li o livro do Thomas Harris e achei 
        uma bosta. A história está fielmente reproduzida no filme 
        do Scott, logo continuou a mesma bosta. Mas essa tensão mais passional 
        entre o Lecter e a Clarice é algo novo, exclusiva do filme; a atração 
        entre eles é intrigante e pode merecer alguma atenção, 
        mesmo que pra isso a gente precise ignorar todas as falhas do enredo. 
        E a cena do corte da mão algemada é um daqueles casos típicos 
        onde uma narrativa tem desfecho ao mesmo tempo óbvio e surpreendente, 
        como nos bons contos. Causa surpresa, seguido da sensação 
        de que aquela era a única coisa que poderia e deveria acontecer. 
        
      
E então, Hannibal é um 
        thriller de terror absurdo e descartável, uma história de 
        amor sarcasticamente oculta atrás de violência indigesta, 
        ou um pouco de ambos? Ainda estou pensando nisso..." 
      
De: Gerbase
        Vou ler esse artigo 
        e depois conversamos. Me cobra. Mas acho MUITO difícil transformar 
        essa Hannibal em obra-prima. Com aqueles javalis? Com aqueles personagens 
        idiotas? Com aqueles ventiladores de teto? Com aquele conflito de Briggite 
        Monfort? MUUUUUITO difícil. E NÃO é uma história 
        de amor. Se fosse, talvez ficasse bem interessante."
Parece, que este tal de Dr. Gerbase é um entendido da sétima arte, não é? rs.

 
 Voltando, ao filme e nosso papo sobre Psicopatia. Vejo
 no filme um personagem, brilhante, urbano e totalmente insano. Ele é um
 assassino 'gourmet' que combina os prazeres de sua vida dupla[matar e 
comer] com eficiência admirável. Para mim, Hannibal é hipnoticamente 
mal, frio, calculista e deliciosamente essencial. O que às vezes, me 
deixa um grama chocada com boa parte a população é o seguinte, algumas 
vezes muitos adoram filmes com essa temática, não é? Por que, quando 
vemos essa situação na vida real, muitos acham um absurdo? Como foi o 
caso de Jeff Dahmer, que matava, violava e comia meninos. Um homem, bom 
de lábia, na época 31 anos que convenceria a Polícia que um menino 
asiático de 14 anos, que corria pelado em plena 2 da manhã era seu 
namorado, então tá né?! Dahmer, seria uma das inspirações para o livro 
de Thomas Harris? Ele nasceu em Wisconsin(EUA) em 1960, e passou a 
infância quieto, sem amigos. Um dia seu pai sentiu um cheiro horrível no
 porão, onde achou uma pilha de ossos de animais. Jeff, tinha 4 anos e 
começou a pensar em defuntos aos 14 anos, mas só realizou seu 'sonho' 
aos 18 anos. Deu carona a um rapaz e o levou ao seu quarto para 
transarem. Depois o matou com uma pancada na cabeça, picou o corpo e o 
enterrou no quintal. Com uma vida adulta, desregrada, largou a 
universidade, empregos, não durou no exército, bebia e se envolvia em 
atentados ao pudor.Quando foi julgado, conseguiu passar a perna no juiz:"Imploro, poupem meu emprego, me deem a chance de mostrar que posso tomar rumo".
 E deu certo,rs. Após, 10 meses, estava livre e se mudou para casa da 
avó. Levou o corpo da segunda vítima para o porão, transou com o cadáver
 e o desmembrou. Cansada dos barulhos, sua avó o expulsou. Dahmer, 
alugou um apartamento: ambiente ideal, para, em 15 meses, matar mais de 
12 rapazes. Teria matado mais se não fosse o azar em Julho de 1991. 
Policiais viram na rua outro jovem correndo algemado. Ele dizia que um 
louco tentava matá-lo.

 
Os
 policiais foram até o apartamento de Dahmer. Quem abriu a porta foi um 
homem calmo,eloquente,que se ofereceu para soltar as algemas. Até então,
 uma brincadeira erótica? Rá, não foi bem isso que os policiais notaram.
 Quando entraram no apartamento[muito bem arrumado] sentiram um cheiro 
nauseante. Acharam fotos de cadáveres, cabeças no freezer, mãos 
decompostas, vários pênis conservados em formol, alguns relatos 
mostraram que ele chegou a abrir com uma broca a cabeça de alguns 
rapazes vivos para injetar ácido muriático. Jeff, queria ver se eles 
virariam zumbis.Outro aspecto interessante do relato foi, o lado Chef
 de Dahmer(semelhante ao nosso Lecter) para descarnar cabeças, ele 
cozinhava-as. Chegou até ao canibalismo:confessou ter se servido do 
bíceps de sua oitava vítima.Para melhorar o gosto, refogou com vegetais.
 Por fim,  Dahmer, foi preso.
O que passava na cabeça dele? teria se perdido na loucura? Ou seria mais um psicopata frio, calculista e brilhante? Após, ouvir psiquiatras, o jurí decidiu que ele sabia o que fazia. E sua sentença seria perpétua.
Em sua 'nova casa', ele foi morto por seu colega de cela, em 1994, ano em que foi batizado como 'cristão'.
Fico
 curiosa, em saber como é a anatomia do cérebro de um psicopata. 
Neurocientistas britânicos identificaram diferenças anatômicas no 
cérebro de psicopatas que podem explicar as origens biológicas deste 
distúrbio frequentemente associado a comportamentos criminosos.o estudo 
publicado na revista Molecular Psychiatry revelou 
modificações discretas, mas significativas, numa área conhecida como 
fascículo uncinato, uma via composta por matéria branca (formada pelos 
axônios dos neurônios) que conecta as duas estruturas anteriores.Essas
 alterações foram detectadas por meio de tractografia – um tipo 
específico de ressonância magnética funcional usada para varrer o 
cérebro de pacientes, em processo pré-cirúrgico, em busca de tratos 
neurais. Os resultados revelaram ainda que o grau de anormalidade 
observado nessa região se correlacionou positivamente à gravidade do 
distúrbio. Segundo os autores, as evidências sugerem fortemente uma base
 biológica da psicopatia, embora não seja possível afirmar ainda se 
estas alterações são inatas ou adquiridas ao longo do desenvolvimento 
cerebral. 

 

 
Outro exemplo, de um filme inspirado em um Psicopata(vida real) foi Psicose(1960), de Alfred Hitchcock, escrito por 
Joseph Stefano, é inspirado na vida de Ed Gein, que cometeu assassinatos
 em Wisconsin, nos Estados Unidos.
Parece, que somos fascinados pelo lado oculto do nosso SER, não é? Pelo menos na ficção, parece que sim,rs.
Ou não[risada maléfica] e encerrando o post!